Angola: Enfermeiros em greve desde esta segunda-feira
Em Angola começou hoje uma greve dos enfermeiros. Em causa as dificuldades com que se depara a classe com denúncias de falta de material de vária ordem e muito baixos salários. Os profissionais pedem um subsídio Covid e a promoção da carreira que dignifique a classe. o Sindicato dos enfermeiros alega que a paralisação decorrerá, numa primeira fase, até sexta-feira com um índice de adesão a aproximar-se dos 90% nas 18 províncias do país.
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Cruz Vieira Mateta, secretário-geral do Sindicato dos enfermeiros de Angola alega que não se pretende prejudicar a população, pelo contrário é garantir precisamente aos utentes da saúde as condições necessárias para os tratar correctamente.
"Vamos realizar a greve de segunda a sexta. Enquanto estivermos a negociar sempre vamos realizar a nossa greve até à satisfação dos pontos constantes no caderno reivindicativo.
Enquanto os pontos constantes não forem satisfeitos nós não vamos parar para pressionar o governo a resolver os problemas dos profissionais de enfermagem a nível do país.
Com relação à adesão o sindicato está instalado em todas as 18 províncias do nosso país. Então a adesão até ao dia de hoje, que é o primeiro dia, já estamos quase nos 90% de todos os profissionais de enfermagem, mais aqueles outros profissionais que não são enfermeiros e também estão a aderir à greve porque a nossa causa é justa, também os afecta. Então, por isso, temos muita aderência a nível do país.
A situação da saúde em Angola é preocupante: a situação piorou depois da pandemia?
A situação da saúde em Angola é preocupante, principalmente as condições de trabalho e postos à disposição de todos os profissionais. Não só depois da pandemia, mas mesmo antes da pandemia. Nesta óptica nós consideramos que o governo deve valorizar mais e dignificar mais os profissionais. Quando não há dignificação dos profissionais, com salários miseráveis, então ali é onde acontecem as reclamações, ou mesmo as reivindicações dos sindicatos no sentido de do governo melhorar as condições de trabalho de todos os profissionais.
E não têm a noção de estar a prejudicar a população que já têm tantas dificuldades no acesso à saúde?
O problema não é em termos de noções de prejudicar a nossa população. A nossa perspectiva não é prejudicar a população. A nossa perspectiva é que pressionar o governo para criar condições condignas que vão beneficiar a população. Você já imaginou um hospital ao mesmo centro de postos de saúde do Estado do governo.
Quando o profissional que é colocado lá não tem luvas, não tem seringas, não tem ampolas, não tem soro !
Quando os utentes que são os doentes que se socorrem dos nossos serviços. Está lá o profissional, o profissional é obrigado a passar uma receita para a família do utente ir e comprar medicamentos. Isso é que tem criado mais constrangimentos.
Quem pode reivindicar isso é só o sindicato. Não pode ser o próprio a reivindicar esse aspecto. Então por isso nós o sindicato que estamos a reivindicar a favor do povo para que o governo crie condições, mesmo nas unidades sanitárias, para atendimento, para um melhor atendimento para a nossa própria população."
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