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Brasil/Grécia

Grécia deve servir de lição para o Brasil

Sem problema para pagar aos seus credores e com um coeficiente estável entre dívida líquida e o Produto Interno Bruto, a economia brasileira paira sobre os mercados bem acima das desconfianças dos investidores em relação à Grécia, a Portugal e à Espanha. Mas as autoridades brasileiras têm que ficar atentas porque, assim como na Grécia, a falta de rigor fiscal no Brasil preocupa, dizem os analistas.

Reuters / John Kolesidis
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A crise grega pode fazer com que alguns investidores passem a olhar mais minuciosamente para a situação da economia brasileira. Se a a relação dívida/PIB, 36% em janeiro deste ano, não chega a ser uma grande preocupação, o rombo da previdência é inquietante e a falta de "rigor fiscal", como destacou em entrevista à RFI, Jason Vieira, economista especialista em mercados emergentes também. "O Brasil não tem rigor fiscal. Esse é o grande problema. O Brasil é um grande arrecadador. O Brasil conseguiu ajustar a sua dívida externa, mas a sua dívida interna continua muito alta e o custo dessa dívida interna, que é baseada na taxa de juros local, pode se tornar um problema no médio prazo no Brasil".

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Jason Vieira, economista especialista em mercados financeiros.

Em relatório divulgado recentemente, a agência de rating Stantard & Poor's também aponta problemas no caminho da economia brasileira. "O Brasil continua a ter uma vulnerabilidade fiscal em comparação aos seus pares, apesar de o desempenho fiscal ter sido menos afetado pela crise internacional que outras economias importantes", escreveu a S&P, que atribui ao Brasil a nota BBB-, que significa, para os investidores, que os papéis brasileiros são um investimento relativamente seguro.

Mas nem sempre o Brasil e o mercado internacional mantiveram boas relações. A crise que atinge a Grécia pode trazer más lembranças para o Brasil e para os países latino-americanos. Na década de 1980, conhecida como a década perdida, as economias desses países sofreram com a recessão e hiperinflação, principalmente a Argentina e o Brasil, e com a concentração de renda.

Em situação crítica, em 1983, o Brasil teve que recorrer ao Fundo Monetário Internacional e seguir à risca uma série de medidas de austeridade que impuseram a liberalização da economia, rigor fiscal e controle do déficit público. O mesmo remédio amargo que o FMI impôs, agora, à Grécia.

Na avaliação de Jason Vieira, com exceção da situação de hiperinflação que assolava o Brasil até meados dos anos 90, a situação atual da Grécia lembra a do Brasil naquele período.

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Jason Vieira, economista especialista em mercados financeiros

Em 1994, o Brasil concluiu um acordo de reestruturação da dívida externa que abriu, gradualmente, as portas dos investimentos internacionais.

 

 

 

 

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