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Itália/Caso Battisti

Ministro da Defesa italiano apoia boicote ao Brasil no caso Battisti

O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, diz estar disposto a apoiar um boicote ao Brasil, caso o governo brasileiro rejeite o pedido de extradição do ex-militante de extrema-esquerda Cesare Battisti. O presidente Lula deve anunciar hoje sua posição sobre a extradição do militante de extrema-esquerda.

Cesare Battisti é detido no Aeroporto Internacional do Galeão, em 19 de março de 2007.
Cesare Battisti é detido no Aeroporto Internacional do Galeão, em 19 de março de 2007. AFP
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A eventual rejeição do pedido de extradição de Cesare Battisti à Itália não será sem consequências, declarou o ministro da Defesa italiano em entrevista publicada hoje pelo jornal Corriere della Sera. O presidente Lula deve anunciar hoje sua posição sobre a extradição do militante de extrema-esquerda. Um "não" de Lula abriria uma grande ferida nas relações bilaterais, diz La Russa, além de demonstrar "uma falta de coragem" do presidente brasileiro visto que ele está deixando o cargo e as consequências de sua decisão serão sentidas pelo novo governo. O italiano, que está preso em Brasília desde janeiro de 2007, foi condenado à prisão perpétua na Itália em 1993 por crimes cometidos na década de 70, época em que integrava o movimento Proletários Armados pelo Comunismo.

Outros jornais italianos trazem críticas à suposta decisão do presidente Lula de recusar a extradição de Battisti. O diário Il Giornale, que pertence à família do chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, já dá como certa a permanência do ex-ativista no Brasil. A manchete do Giornale afirma que "Battisti vai ficar livre para matar a justiça". O Messagero, de linha moderada, se mostra indignado com o que considera uma brincadeira de mau gosto, a concessão de asilo político a Battisti no Brasil.

Crise diplomática

Em novembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da extradição, mas o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu à Battisti o status de refugiado político, desencadeando uma crise diplomática com a Itália. A Justiça brasileira recusou-se a tratar Battisti como um criminoso comum, contrariando as autoridades italianas, que o classificam como terrorista. Na Itália, ele foi condenado por dois assassinatos, em 1978 e 1979, e por cumplicidade em dois outros homicídios, em fevereiro de 1979.

Battisti conseguiu asilo político na França entre 1991 e 2004, beneficiando da política do então presidente François Mitterand de não extraditar ativistas políticos italianos que tivessem mudado de vida e deixado as ações armadas. Mas em 2004, com a mudança da política de exílio francesa, Battisti foi preso em Paris e ficou sob controle judiciário. Nesse mesmo ano, ele fugiu do país e se refugiou no Brasil.

O julgamento do militante italiano foi realizado em Milão, em 1993, à revelia, sem que Battisti estivesse presente. Michel Toubiana, presidente da Liga dos Direitos Humanos na França, questiona a legitimidade do processo que condenou Battisti na Itália e apoia o ex-militante.

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