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Itália/Caso Battisti

Parlamento italiano aprova moção pedindo a extradição de Cesare Battisti

O parlamento italiano aprovou por unanimidade uma moção que pede a extradição do ex-ativista Cesare Battisti para a Itália. Segundo o senador Luigi Zanda, que fez discurso no plenário sobre o caso, Battisti é um criminoso comum que achou mais útil se fazer passar por um criminoso político.

Cesare Battisti fotografado no dia 18 de novembro de 2009.
Cesare Battisti fotografado no dia 18 de novembro de 2009. Reuters/José Cruz
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De Roma, Paula Schmitt

A moção foi apresentada por deputados dos partidos União de Centro (UDC) e Povo da Liberdade (PDL), do premiê Silvio Berlusconi, mas angariou o apoio de parlamentares de outras legendas. O texto, aprovado pelos líderes de todos os partidos italianos, insiste no cumprimento do acordo de extradição entre a Itália e o Brasil. Caso o Brasil insista em não extraditar o ex-militante de extrema-esquerda, acusado de participação direta ou indireta em quatro assassinatos na década de 70, a moção pede que o governo italiano questione a decisão do Brasil no Tribunal Internacional de Haia. 

De acordo com o tratado de cooperação firmado entre o Brasil e a Itália, a extradição de um suposto criminoso só pode ser negada se houver motivos para se suspeitar que o extraditado será objeto de maus-tratos e discriminação. Para os políticos italianos, tal suspeita não tem nenhum fundamento.

A moção afirma que a recusa do ex-presidente Lula de extraditar Battisti "chocou e ofendeu o povo italiano". Para os deputados que assinaram a proposta, a decisão de Lula teria sido tomada com base em "argumentos superficiais e infundados". O texto cita a Advocacia Geral da União, que alegou que Battisti poderia sofrer tratamento injusto no seu retorno à Itália. Tal argumento, segundo os deputados italianos de centro, é de absoluta incongruência.

Segundo o senador Luigi Zanda, que fez discurso no plenário sobre o caso, Battisti é um criminoso comum que achou mais útil se fazer passar por um criminoso político. Para o senador, a prova da seriedade do parlamento italiano é que a moção foi subscrita por partidos do governo e da oposição. Battisti era membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo e foi condenado à prisão perpétua pela participação em quatro crimes de cunho apolítico.

Na Itália, nem os políticos socialistas acreditam que Battisti esteja sofrendo perseguição política. O Supremo Tribunal Federal brasileiro vai examinar um recurso italiano sobre a extradição de Battisti em fevereiro.

Filho de suposta vítima de Battisti recebe carta com ameaças de morte

Policiais de Veneza investigam uma suposta carta com ameaças de morte endereçada a Adriano Sabbadin, filho de uma das vitimas de Battisti, segundo a justiça italiana. O pai de Sabbadin, que era açougueiro, foi morto em 1979 durante um assalto cometido pelo grupo Proletários Armados pelo Comunismo, num incidente que se assemelha ao do joalheiro morto a sangue frio, semanas depois de se defender de uma tentativa de assalto praticada pelo mesmo grupo. 

Itália aciona instâncias europeias

A pedido da Itália, o Parlamento Europeu deve votar na próxima quinta-feira uma moção sobre a extradição de Battisti. Políticos italianos também vão pedir a intervenção da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, no litígio.

O caso Battisti conseguiu a proeza de unir inimigos políticos italianos em torno de um mesmo objetivo. Mas com as recentes manchetes sobre o escândalo sexual entre Berlusconi e uma menor de idade, deputados do governo têm um incentivo a mais para manter o caso Battisti nas primeiras páginas dos jornais.

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