Acesso ao principal conteúdo
Brasil/Bélgica

Dilma questiona proposta de taxa sobre transações financeiras

Na única entrevista coletiva que concedeu à imprensa durante sua viagem de três dias a Bruxelas, a presidente brasileira Dilma Rousseff questionou a adoção de uma taxa sobre as transações financeiras. "Alguns fluxos de capitais não tem controle", disse a presidente, o que dificultaria a aplicação do imposto. A proposta defendida pelos europeus deverá ser apresentada na reunião do G-20, que começa no dia 3 de novembro em Cannes, no sul da França.

A presidente Dilma Rousseff foi recebida pelo rei Alberto II e a esposa Paola.
A presidente Dilma Rousseff foi recebida pelo rei Alberto II e a esposa Paola. Foto: Reuters
Publicidade

Segundo a presidente, a adoção de taxas sobre as transações financeiras na Europa “não resolvem o problema, porque alguns fluxos de capitais não tem controle, principalmente o que se dá em relação aos derivativos over-the-counter", ou seja, os produtos financeiros em que a transação é concluída diretamente entre o vendedor e o comprador.

Mas Dilma negou que a afirmação se tratava de uma crítica do governo brasileiro à solução europeia. "Cada país ou região toma suas medidas, como aumentamos o IOF (Imposto sobre Fortuna) sobre derivativos over-the-counter. Não somos juízes das ações de outros países ou de uma região como é o caso da União Europeia", reiterou a presidente, dizendo que "a única coisa que não se deve ter nas relações internacionais é ‘soberba.’ "Trata-se de conversar de uma forma muito objetiva sobre a experiência de cada um. Temos uma experiência muito complexa nessa área da crise. Sabemos o que significa crise bancária, crise da dívida, e sabemos o que significa políticas de espiral descendente, em que o ajuste fiscal contribui para reduzir o PIB, e no caso do Brasil reduzia o PIB e aumentava a dívida", afirmou.

00:28

Presidente Dilma Rousseff

Durante sua visita à Bélgica, a presidente lembrou diversas vezes que as medidas de ajuste fiscal poderiam dificultar a recuperação econômica na zona do euro, em ameaça de recessão. O Brasil deverá propor no G-20 medidas de regulamentação sobre as movimentações financeiras mais apropriadas, na opinião do governo, do que a taxas sobre transações. Alguns especialistas defendem que, aplicada em nível regional, ela pode provocar uma fuga de capitais. "No G20 será importante adotar medidas de coordenação macroeconômicas, e de ampliação da regulação sobre as movimentações financeiras. As crises internacionais tem tido uma raiz no fluxo de capitais que estão fora de controle. Isso tem sido uma fonte inesgotável de problemas", conclui Dilma.

A presidente, que encerrou sua visita na Bélgica abrindo o Europália, o maior festival de Artes da Europa, que neste ano homenageia o Brasil, viaja ainda nesta terça-feira para a Bulgária, onde deverá visitar Gabrovo, a cidade natal de seu pai, Pedro Rousseff. "Na Bulgária, minha expectativa é a de uma viagem externa, da presidente do Brasil, e da pessoa, que tem raízes na Bulgária. Nosso país tem a capacidade imensa de absorver e abraçar e dar apoio e de transformar em nacional todas as etnias", finalizou.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.