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Brasil/Política

Vitória de Haddad em SP favorece reeleição de Dilma Rousseff, diz analista francês

A vitória do Partido dos Trabalhadores em São Paulo, onde está o maior colégio eleitoral do país, reforça a posição do partido para a sucessão presidencial ou a própria reeleição de Dilma Rousseff em 2014, estima o professor de Ciências Políticas da Universidade Sorbonne, Stéphane Monclaire. No entanto, segundo ele, o partido não saiu totalmente vitorioso em nível nacional devido às derrotas em capitais importantes como Belo Horizonte, Manaus e Salvador, onde a estratégia do ex-presidente Lula não deu certo.

A eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo favorece o PT no estado e no governo federal, avalia cientista político francês.
A eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo favorece o PT no estado e no governo federal, avalia cientista político francês. REUTERS/Nacho Doce
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A vitória do PT nas cidades da região metropolitana de São Paulo, como Guarulhos, Santo André, São Bernardo, Osasco e Mauá também deixa o partido com vantagem para a próxima eleição ao governo do estado, de acordo com Monclaire.

Os resultados das eleições mostraram o avanço do Partido dos Trabalhadores que conquistou 634 prefeituras no país contra 508 nas eleições de 2008 e se mantém como a terceira principal força política a comandar os munícipios brasileiros.

O PMDB ainda domina a maioria das cidades do país, mas diminuiu o controle das prefeituras que passou de 1207 em 2008 para 1024 nestas eleições. O PSDB vem logo em segundo, mas também recuou e agora administra 702 prefeituras contra 788, há 4 anos.

“O aumento dos municípios sob controle do PT se justifica pela continuidade do governo federal que já completa 10 anos no poder”, afirma Monclaire.

Abstenções

O crescimento da abstenção e dos votos nulo e branco nestas eleições também foi um aspecto que chamou a atenção do cientista político francês. Com mais de 98% dos votos apurados, o número de eleitores brasileiros que não comparecem às urnas no segundo turno foi de 19,11%.

Em São Paulo o índice foi recorde e atingiu o equivalente a 19,96% do eleitorado, acima da média nacional. Na maior cidade do país, além os

05:50

Ouça Stéphane Monclaire, professor de Ciências Políticas - Univ. Sorbonne

mais de 1,6 milhões de abstenções foram registrados ainda 578 mil votos nulos mais de 299 mil votos brancos.

“Será necessário repensar a legislação brasileira porque apesar da obrigação do voto obrigatório, muitas pessoas não compareceram às urnas. O voto de protesto começa a crescer”, constata Monclaire.

Desencanto

Outra lição desta eleição, segundo o brasilianista, foi o fato de que pela primeira vez a taxa de renovação dos prefeitos foi maior do que nas eleições anteriores. Muitos prefeitos que poderiam ser reeleitos para um segundo mandato perderam seus cargos, o que para o professor é sinal de um desgaste da classe política.

“Poucos prefeitos conseguiram a reeleição, o que demonstra uma certa irritação dos cidadãos em relação aos governantes, mas também um sentido mais crítico em relação à vida política”, afirmou.

Mensalão

Questionado sobre o impacto do julgamento do caso “mensalão” nos resultados das eleições municipais, Stéphane Monclaire avalia que o escândalo atingiu sobretudo as personaliddes históricas do partido e afetou menos os políticos que surgiram nos últimos anos no cenário petista.

“O ‘mensalão’ convenceu ainda mais os eleitores de oposição ao PT, de não votar mesmo no partido. Por isso, considero que o efeito não foi nulo, apenas  não pode ser percebido de maneira clara nas urnas”, avaliou.

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