Apesar da plataforma comum, centrais sindicais brasileiras estão divididas, diz Le Monde

Com o título "Os sindicatos brasileiros aderem à contestação", o jornal francês Le Monde dedica uma página à greve geral convocada para esta quinta-feira, 11 de julho de 2013, no Brasil. "Último combate numa guerra já perdida ou verdadeira mobilização?", se interroga o enviado especial do jornal francês a São Paulo, Paulo Paranaguá. Ele afirma que a greve geral desta quinta-feira "pode mudar a natureza da crise social e política que atinge o país".

Protesto em Salvador no dia 22 de junho de 2013. REUTERS/Valter Pontes/Files

Le Monde ouviu representantes das centrais sindicais que convocaram a greve geral e aponta que apesar da plataforma comum elas estão divididas. Por exemplo a CUT, ligada ao Partido dos Trabalhadores, apoia o governo, enquanto a Força Sindical denuncia sua política econômica.

"As manifestações de junho aconteceram sem o PT, e às vezes contra o partido presidencial. Agora, a direção do PT tenta recuperar o terreno perdido, graças à mobilização sindical, esperando controlar melhor suas tropas. Mas nada garante que a estratégia vai funcionar", analisa o enviado de Le Monde.

O jornal enfatiza que se a greve geral desta quinta conseguir reforçar os sindicatos, as negociações salariais previstas para agosto devem ser difíceis e já preocupam o patronato.

Especialistas entrevistados por Le Monde apontam que "as distorções do mercado de trabalho, com o aumento da precariedade e a manutenção da economia informal, também explicam os protestos de junho".

"A entrada em jogo dos trabalhadores dos setores privado e público complica a situação de Dilma Rousseff, agora que a coalizão governamental está recuando e que os militantes do PT iniciam um processo de discussão interna destinado a renovar seus dirigentes", conclui o texto.

O enviado especial Paulo Paranaguá também descreve uma reunião de artistas e intelectuais no Teatro Oficina de São Paulo, na última segunda-feira, onde todos os trabalhadores da cultura foram convidados para participar das manifestações sindicais previstas para esta quinta-feira.