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Brasil/ JMJ

Após discurso crítico sobre a igreja, papa Francisco deixa o Brasil

Chegaram ao fim, neste domingo, os sete dias de intensa programação do papa Francisco no Brasil, para participar da 28ª Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Antes de embarcar de volta para a Itália, na noite de domingo, o pontífice pediu a “renovação da igreja” a bispos e arcebispos sul-americanos. Ele se despediu do Brasil com um “até breve”, e disse que já “começou a sentir saudades” do país.

Como na chegada ao Brasil, papa Francisco carregou a própria mala até o avião.
Como na chegada ao Brasil, papa Francisco carregou a própria mala até o avião. REUTERS/Ricardo Moraes
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Da enviada especial ao Rio de Janeiro

Francisco encerrou a jornada durante a manhã, em uma missa para cerca de 3 milhões de pessoas, em Copacabana. Diante da multidão, o papa conclamou os jovens a “serem missionários”. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam”, afirmou, na cerimônia que contou com a presença da presidente do Brasil, Dilma Rousseff , da Argentina, Cristina Kirchner, da Bolívia, Evo Morales, do Suriname, Dési Bouterse, e do vice-presidente do Uruguai, Danilo Astori. “Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem. Este é o caminho a ser percorrido.”

Em seguida, o papa anunciou que Cracóvia, na Polônia, será a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2016. O Vaticano destacou a importância da escolha da cidade, da qual o papa João Paulo II foi arcebispo. Ainda neste ano, o processo de canonização do polonês deve estar concluído - portanto a próxima jornada, em 2016, vai ser celebrada sob esta influência do Santo João Paulo II.

À tarde, o pontífice reuniu-se com o Comitê de Coordenação do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano), para debater os rumos da instituição. Em longo discurso, pontuado por críticas à instituição, Francisco pregou a “renovação da igreja” e um melhor diáologo com a sociedade. "Uma posição como esta, que começa pelo discipulado missionário e implica entender a identidade do cristão como pertença eclesial, pede que explicitemos quais são os desafios vigentes da missionariedade discipular. Me limito a assinalar dois: a renovação interna da Igreja e o diálogo com o mundo atual”, destacou.

Ele incentivou os líderes a saírem das paróquias e irem ao encontro das pessoas. "Os bispos devem ser pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos”, ensinou. “Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida."

Para o pontífice, "o que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos, é justamente a missionariedade". Em seu discurso mais direto para pontuar as deficiências do Vaticano desde que assumiu o pontificado, em março, Francisco ainda criticou o funcionalismo da igreja, que “aposta na eficácia” e “reduz a realidade da igreja à estrutura de uma ONG”. "A Igreja é instituição, mas, quando se erige em 'centro', se funcionaliza e, pouco a pouco, se transforma em uma ONG", reiterou.

Despedida

Antes de deixar o país, o papa se encontrou com cerca de 15 mil voluntários que participaram da realização do evento. Ele agradeceu ao empenho dos fiéis e voltou a pedir a ajuda dos jovens para expandir a palavra de Jesus Cristo. "Sejam revolucionários. Tenham coragem de ir contra a corrente", comentou.

Depois, no aeroporto do Galeão, participou de uma breve cerimônia de despedida do Brasil, passados sete dias de visita ao país. Na base aérea da FAB no aeroporto do Galeão, onde chegou de helicóptero, o pontífice foi recebido pelo vice-presidente, Michel Temer. Após ouvirem os hinos do Vaticano e do Brasil, ambos discursaram.
"O papa vai embora e lhes diz ‘até breve’, um ‘até breve’ com saudades, e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele”, afirmou. “Parto com a alma cheia de recordações felizes.”

Encontro com presidentes

O papa encontrou-se neste domingo novamente com a presidente Dilma Rousseff após a celebração em Copacabana. Os presidentes Cristina Kirchner, da Argentina, e Evo Morales, da Bolívia, também estavam na reunião.Conforme o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, Dilma “agradeceu muito ao papa pela escolha do Brasil, pela presença dele, pelo tipo de pregação que ele fez, principalmente no Theatro Municipal, onde falou mais com os políticos.”

 

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