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Brasil/Literatura

Morre o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna

Ariano Suassuna, um dos maiores escritores e dramaturgos do Brasil, morreu nesta quarta-feira (23) aos 87 anos, em Recife. Ele foi vítima de um acidente vascular cerebral na segunda-feira e passou por uma operação no mesmo dia. Desde então, o fundador do movimento Armorial estava em coma.

O poeta e dramaturgo Ariano Suassuna morre nesta quarta-feira, aos 87 anos.
O poeta e dramaturgo Ariano Suassuna morre nesta quarta-feira, aos 87 anos.
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Além de peças de teatro que marcaram o século, como "O auto da Compadecida", de 1955, Suassuna deixou trabalhos memoráveis na prosa. Caso de "A Pedra do Reino", um romance que mistura elementos típicos da literatura de cordel, repentes e embolada.

Cultura brasileira

Profunda conhecedora da obra de Suassua e tradutora de uma adaptação de "A Pedra do Reino" para o francês, Idelette Muzart explica que "a ambição de Ariano Suassuna era contribuir para a manutenção da cultura brasileira. Tanto em relação às jovens gerações que, segundo ele - e é bem provável que seja -, desconhecem a riqueza da cultura brasileira; quanto em relação aos inúmeros brasileiros", que a desconhecem igualmente.

"Desde suas primeiras atuações, ainda como estudante, com 20 anos de idade, Ariano atua nessa direção e as últimas aulas-espetáculo ainda mostravam essa preocupação constante com a cultura brasileira", lembra a pesquisadora.

Muzart destaca que o foco do ex-ocupante da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL) era a cultura brasileira como um todo e não só a nordestina, como comumente se costuma dizer: "Algumas pessoas procuram fechá-lo num regionalismo que não tem o menor sentido. Ele é um grande escritor brasileiro".

Romance inédito

Perfeccionista, Ariano Suassuna deixa um romance ainda por publicar: "O jumento sedutor". Idelette Muzart foi uma das poucas pessoas que tiveram a sorte de ler o manuscrito inédito, que ela recebeu do próprio escritor.

"Este livro que vai sair é tão difícil quanto ou mais do que 'A Pedra do Reino'", observa. "Na brincadeira de que Ariano não queria esse livro publicado em vida, eu não acredito muito porque eu nunca vi em Ariano Suassuna nada que se aproximasse de supertições".

Talvez ele não se aperreasse muito do sobrenatural, para encerrar essa nota em uma toada suassuniana, mas não dá para negar que as superstições foram prato cheio para a construção de seus personagens. Quem não se lembra do capanga do Capitão Severino, cangaceiro de "O Auto da Compadecida" que não gostava de matar? "Matar padre dá um azar danado...", dizia.

 

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