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Brasil/Música

A bossa de Gilberto Gil encanta a França

A imprensa francesa dedica reportagens e artigos elogiosos para falar da turnê "voz e violão" de Gilberto Gil no país e de seu novo disco Gilbertos Samba, em homenagem a João Gilberto. Depois do sucesso na estreia da temporada europeia, em Lyon, o cantor baiano se apresenta na noite desta segunda-feira (13), em Paris.

“Gibertos Samba”, homenagem a João Gilberto, produzido por Bem Gil e Moreno Veloso.
“Gibertos Samba”, homenagem a João Gilberto, produzido por Bem Gil e Moreno Veloso. gilbertogil.com.br
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Gilberto Gil canta hoje para o público parisiense no Teatro do Chatêlet, segundo show da turnê do músico na França. A crítica recebe Gil de braços abertos: "o embaixador mais charmoso, sensível e admirável do Brasil", segundo o jornal Libération, "deu um show inesquecível e mágico em Lyon e promete repetir o encantamento em Paris".

Gil apresenta no palco faixas do CD Gilbertos Samba, que reúne dez músicas de João Gilberto. "Se o músico estiver no mesmo estado de graça que em Lyon, o concerto parisiense promete ser memorável", afirma o jornal. Aos 72 anos, Gilberto Gil chegou a um estágio de sua arte onte tudo é límpido, acrescenta o repórter do Libération encarregado de acompanhar o início da turnê.

Para o jornalista, ao manter o público de 2.100 pessoas paralisado apenas com sua voz e violão, em Lyon, Gil ofereceu um momento de magia com sua qualidade impressionante como intérprete e músico. "Interpretar sambas e canções de bossa nova já ouvidas milhões de vezes exige serenidade e uma segurança absolutas, assim como um toque sobrenatural", ressalta o texto.

Baiano em fase "ultra-zen"

Para o Le Monde, Gilberto Gil "embarcou numa turnê ultra-zen" e decidiu percorrer França e Itália, apenas acompanhado de seu violão e de sua mulher, Flora, que também é sua produtora.

Atualmente, a turbulência tropicalista do início de carreira de Gil ganhou outro ritmo e ele se tornou um  flanador, escreve o Le Monde, que se refere ao baiano como um homem de uma elegância discreta e estrita.

Já para o Libération, Gilberto Gil desembarcou na França muito descontraído, depois de ter passado uma semana na casa de seu amigo Paulo Coelho, em Genebra. O baiano diz fazer essa turnê por "puro prazer" e equilibra nesta sua temporada europeia turismo e música. "Ele parece apenas querer desfrutar o lado bom das coisas", destaca Libération.

O jornal faz ainda um resumo rápido dos últimos 50 anos da vida de Gilberto Gil e menciona fatos importantes de sua carreira como artista, como o histórico concerto "Nós, por exemplo", ao lado de Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, em 1964.

"Há um pouco de tudo nos 50 álbuns que ele gravou", destaca o jornal, ao se referir aos diversos estilos encontrados na discografia de Gil. "Aos 72, ele fez uma triagem e só guardou o melhor, especialmente da Música Popular Brasileira", afirma o Libé

Em um artigo dedicado ao disco Gilbertos Samba, Libération escreve que Gilberto Gil e João Gilberto são o verso e reverso de uma mesma medalha. "Um é empático e encantador e o outro, fechado e maníaco-depressivo", resume o jornal.

O jornal lembra que Gilberto Gil começou a tocar violão em 196, por admiração a João Gilberto. O disco em sua homenagem é recheado com canções que consagraram um dos grandes nomes da bossa nova como Aos Pés da Cruz, Doralice, o Pato e Desafinado. O CD tem as mesmas qualidades da turnê atual: acabamento e clareza.

Gil enviou o disco a João GIlberto, mas nunca teve resposta, afirma o jornal. Para concluir, Libération diz que o álbum Gilbertos Samba resume "o que há de mais essencial na música brasileira em meio século e, no caso, o que é absolutamente necessário".

Gil ainda não declarou seu voto no 2° turno

Le Monde lembra ainda que o ex-ministro da Cultura do governo Lula não recusa encontros com brasileiros para discutir política, mas está longe da efervescência da campanha eleitoral do segundo turno.

Eleitor de Marina Silva e autor de uma canção de apoio à então candidata do PSB à eleição presidencial, Gilberto Gil não declarou seu voto para o dia 26 de outubro, ressalta o Le Monde.

Em conclusão do artigo, Le Monde destaca uma lição tirada por Gil de sua experiência como ministro: "Os políticos estão sempre atrasados em relação à sociedade. Como ministro e artista engajado, eu mantinha constantemente uma equidistância. Era preciso viver esse paradoxo".
 

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