Ex-líder soviético Mikhail Gorbachev lança livro de memórias

O pai da Perestroika e último dirigente soviético, Mikhail Gorbachev, 81 anos, lançou hoje em Moscou um livro de memórias onde admite seus erros mas também critica o papel dos líderes ocidentais.  

O ex-presidente soviético, Mikhail Gorbachev, lançou o livro de memórias "Sozinho com si Mesmo". Reuters/Sergei Karpukhin/Files

"Ainda lamento não ter conseguido levar o barco no comando do qual fui colocado a um porto seguro", escreve Mikhail Gorbachev em seu livro de memórias de 600 páginas, intitulado "Sozinho Com Si Mesmo" (tradução livre).

"Eu me sinto culpado, porque tinha uma grande responsabilidade tanto em relação à União Soviética, quanto no que diz respeito à política mundial", acrescenta o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1990, que pareceu enfraquecido em suas últimas aparições públicas, cada vez mais raras.

"Houve erros na direção (da União Soviética), que operava sob o fogo cruzado dos conservadores e dos radicais, nacionalistas, que definitivamente formavam uma frente unida com o objetivo de abater o poder soviético", escreveu também aqueole que lançou a Perestroika (reforma) e a Glasnost (transparência) após chegar ao comanedo do Partido Comunista em 1985.

"Não soubemos aproveitar o plenamente o apoio total que nos dava a população no início. E pouco a pouco começamos a perdê-lo", avalia ele.

"Não reformamos a tempo a União Soviética. Não transformamos a tempo o Partido Comunista em um partido democrático moderno. Esses foram os dois erros principais", conclui Mikhail Gorbachev.

O ex-dirigente soviético também critica os ocidentais, e em particular os Estados Unidos, pelo apoio que deram, segundo ele, a seu rival do final dos anos 80, Boris Yeltsin, que ao ser eleito presidente da Rússia, deu o golpe final no regime soviético após o fracasso do golpe de Estado conservador de agosto de 1991.