Ministério Público francês abre inquérito preliminar contra pílula de terceira geração
O Ministério Público francês abriu nesta sexta-feira um inquérito preliminar contra a pílula anticoncepcional Meliane, do laboratório Bayer, para investigar as queixas de jovens que tiveram graves problemas de saúde utilizando o produto. No Brasil, a Meliane é comercializada com o nome de YAZ e Yasmin. Outras pílulas também serão investigadas pela Justiça francesa.
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A primeira paciente a prestar queixa contra a pílula da Bayer foi a jovem Marion Larat, 25 anos, parcialmente paralisada depois de um derrame cerebral. Seu depoimento, publicado na imprensa francesa, incitou diversas jovens, vítimas de acidentes com pílulas de marcas diferentes a fazerem a denúncia. Entre elas, Diane 35, muito utilizada no tratamento de distúrbios hormonais.
No total, são cerca de 14 ações na Justiça contra vários tipos de pílulas, que teriam provocado sequelas irreversíveis e acidentes fatais. Um dos depoimentos foi publicado nesta sexta-feira no jornal Libération, e conta a história de Théodora, vítima de embolia pulmonar dois meses depois de iniciar um tratamento com a pílula Mercillon, prescrita sem autorização do pais, como prevê a lei na França.
A investigação será realizada por um organismo francês responsável pelas questões de meio-ambiente e saúde pública. É a primeira vez na França que uma usuária de pílula resolve entrar na Justiça contra os efeitos colaterais do medicamentos. O governo francês criou até mesmo uma linha telefônica para responder às dúvidas das pacientes. Especialistas ouvidos pela RFI afirmam que o importante é respeitar as contra-indicações, que incluem um histórico familiar com casos trombose ou outros problemas circulatórios. É o caso da médica Anne Gompel, que lamenta a falta de informação em torno do assunto, e insiste que a pílula, se bem utilizada, é uma ótima opção de contracepção.
A agência francesa dos medicamentos já havia lançado diversos alertas contra os riscos das pílulas de terceira geração, usadas por cerca de 2,5 milhões de mulheres na França. A partir do dia 31 de março, o medicamento não será mais reembolsado pelo governo, de acordo com a ministra da saúde Marisol Touraine.
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