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G20/Coreia do Sul

Acordo do G20 não resolve a guerra cambial

O encontro das 20 maiores economias do mundo, em Seul, termina com o compromisso dos países do grupo de não recorrer a medidas para desvalorizar suas moedas. O acordo, sem fixação de metas, tem o objetivo de acalmar as tensões sobre a chamada "guerra cambial".  

Por trás do aperto de mãos entre o presidente americano e o chinês, o tom das discussões foi áspero; representantes do governo chinês ameaçaram abandonar a mesa de negociações.
Por trás do aperto de mãos entre o presidente americano e o chinês, o tom das discussões foi áspero; representantes do governo chinês ameaçaram abandonar a mesa de negociações. Reuters
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Fernando Duarte, de O Globo especial para a Radio França Internacional

Os líderes do G20, o grupo das maiores economias do mundo, anunciaram hoje o compromisso de combater as políticas de desvalorização competitiva de moedas nacionais, que nas últimas semanas foram apelidadas de guerras cambiais. O documento publicado hoje, no final da cúpula de Seul, estabelece a necessidade de que cotações de moedas obedeçam a instrumentos de mercado e recomenda que os governos evitem instrumentos de manipulação cambial como a recente decisão dos Estados Unidos de injetar US$ 600 bilhões em sua economia.

Outro ponto importante da declaração final do encontro foi a decisão dos países de abordar a questão dos desequilíbrios entre os países com superávit e déficit no comércio internacional, ainda que sem os limites percentuais propostos pelo governo americano, que foram vetados pelos chineses. Os líderes anunciaram ainda o Consenso de Seul, um novo programa para a economia mundial que inclui a promessa de reforçar a cooperação multilateral.

Se nas fotos oficiais os líderes sorriam, com as portas fechadas as reuniões ocorreram num clima tenso e representantes do governo chinês ameaçaram abandonar a mesa de negociações. Houve mais consenso na questão da regulação do sistema financeiro internacional, com a aprovação do plano Basileia III, que até 2019 exigirá dos bancos um índice mínimo de 13% de capital de qualidade, aquele proveniente de ações e lucros, como segurança para futuras crises.

Além disso, o G20 sacramentou a reforma do Fundo Monetário Internacional, que aumenta a representatividade de países emergentes na entidade: os países Bric (Brasil, Índia, Rússia e China) estarão entre os dez maiores detentores de cotas do fundo.

Para o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, o resultado da reunião foi uma prova do amplo entendimento entre os países do G20 e de um esforço de busca do desenvolvimento mundial.

Em discurso de despedida do G20, o presidente brasileiro denunciou o unilateralismo em questões econômicas e pediu uma maior coordenação das políticas, especialmente dos países ricos que, segundo ele, não podem tomar medidas sem pensar nas consequências para outros países. A presidente eleita, Dilma Rousseff, participou do encontro como convidada especial do G20 e do governo sul-coreano.

Em coletiva após o encontro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse esperar que a China promova avanços no sentido de que o valor de sua moeda, o yuan, seja progressivamente definido pelo mercado, o que provocaria a tão esperada valorização da moeda chinesa. No encontro, o presidente chinês, Hu Jintao, apresentou um plano de quatro pontos para promover o crescimento mundial de maneira equilibrada, que foi bem recebido pelos líderes.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que assumiu em Seul a presidência do G20 por um ano a partir de hoje, anunciou que a China concordou em sediar em Pequim, no ano que vem, um seminário de um grupo de trabalho que irá discutir a regulamentação do sistema monetário. Segundo Sarkozy, é preciso criar as bases de um sistema monetário multilateral e ter a China na mesa de negociações já é um grande avanço.

O próximo encontro de líderes do G20 foi marcado para 3 e 4 de novembro de 2011, em Cannes, no sul da França.

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