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FAO/OCDE

Apreciação do real gera aumento nos preços de cereais, diz relatório

Relatório da OCDE e da FAO publicado nesta sexta-feira, em Paris, afirma que os preços das matérias-primas agrícolas deverá enfrentar volatilidade nos próximos anos devido à dificuldade dos países em manter os estoques nacionais elevados para enfrentar choques externos. Outros fatores de impacto nos preços são as flutuações nas taxas de câmbio e a apreciação de moedas como o real.

Preço das commodities deve permanecer elevado na próxima década.
Preço das commodities deve permanecer elevado na próxima década. AFP/RIA NOVOSTIAuteurIgor Zarembo
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Com os estoques baixos, os produtores ficam mais vulneráveis a fatores como o aumento do preço da energia e a queda da produtividade, comprometendo a demanda mundial por produtos agrícolas. Outro fator de impacto nos preços são as flutuações nas taxas de câmbio.

Segundo um estudo canadense publicado no relatório Perspectivas Agrícolas Mundiais 2011-2020, a apreciação de moedas de países como o Brasil tem impacto importante no aumento dos preços mundiais. As projeções indicam que, para o período 2011-2020, o Brasil vai contribuir em 27% para o aumento do preço do milho, 35% para o aumento do preço do frango, 78% para o preço do açúcar e 72% para o preço do etanol.

"A desvalorização do dólar americano, desde 2002, tem repercussões notáveis sobre o preço dos produtos de base. As flutuações monetárias têm impacto sobre a competitividade e as perspectivas comerciais dos países, principalmente de grandes exportadores, como o Brasil, a Austrália, a Argentina e o Canadá."

O documento elaborado pela agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também considera que a especulação financeira no mercado das commodities é fator que altera a estabilidade dos preços a curto prazo. A longo prazo, as duas organizações são mais prudentes e afirmam que "não há provas conclusivas" sobre a hipótese.

As projeções indicam, ainda, que o preço das matérias-primas vai permanecer alto nos próximos 10 anos, embora mais baixo do que o pico registrado no final de 2010 e no início deste ano.

Brasil

Com relação ao Brasil, a OCDE e a FAO observam que as exportações da maioria dos produtos de base do país vão aumentar nos próximos anos, embora a progressão será menor do que a registrada na última década, devido à valorização do real.

O Brasil vai consolidar a liderança na exportação de açúcar, por exemplo. Até 2020, será responsável por 55% do comércio mundial do produto. O Brasil também vai continuar liderando a exportação mundial de carne bovina e de frango. Entretanto, a expansão do comércio mundial de carne deve ser afetada pela retração das importações russas.

A OCDE e a FAO indicam que a Rússia, maior comprador mundial de carne, vai reduzir significativamente suas importações, pois quer estimular a produção interna, o que pode ter um impacto na redução do comércio mundial de carne nos próximos anos.

Com isso, problemas como o que o governo russo tem causado atualmente, com o embargo à carne brasileira, devem prosseguir com ou sem pretextos fitossanitários. Moscou suspendeu, desde a última quarta-feira, a importação de carne de 89 frigoríficos brasileiros, alegando problemas sanitários. A Rússia é hoje o principal importador de carne do Brasil.

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