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Economia/ G20

"Guerra das moedas" deve dominar reunião do G20 em Moscou

O grupo das 20 principais economias do mundo mostra dificuldades nesta sexta-feira para encontrar um ponto comum sobre câmbio e empréstimos, expondo mais uma vez as diferenças entre os defensores de mais medidas para o crescimento e aqueles que são favoráveis a mais austeridade para reanimar a economia mundial. O G20 se reúne hoje e amanhã em Moscou, na Rússia.

Presidente do Banco Central japonês, Masaaki Shirakawa, fala a jornalistas em Moscou. Japão sofrerá pressão dos outros membros do G20 para não interferir no câmbio.
Presidente do Banco Central japonês, Masaaki Shirakawa, fala a jornalistas em Moscou. Japão sofrerá pressão dos outros membros do G20 para não interferir no câmbio. REUTERS/Yuya Shino
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A reunião dos ministros das Finanças dos países do G20, que respondem por 90% do Produto Interno Bruto mundial e dois terços da população, deve ser dominada por discussões sobre as políticas expansivas do Japão, que desvalorizaram o iene, em mais um capítulo da ameaça de uma “guerra das moedas”. A medida foi parte de um pacote do novo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para tentar encerrar duas décadas de deflação no país.

O Brasil é representado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. O fórum do G20, que conseguiu montar uma enorme proteção para impedir um derretimento do mercado em 2009, está sob os holofotes após uma semana em que o grupo de sete nações mais ricas tentou, mas não conseguiu, mostrar uma voz única sobre o câmbio. O G7 emitiu um comunicado conjunto na terça-feira reafirmando "nosso compromisso existente há muito tempo com taxas cambiais determinadas pelo mercado".

Há três anos, o Brasil reclama que a injeção de trilhões de dólares e euros feita pelos países ricos para combater a crise acaba sendo desviada para os mercados emergentes, provocando pressão sobre o câmbio, encarecendo o real e as exportações brasileiras. O ministro Guido Mantega voltará a defender, em Moscou, uma política coordenada do câmbio e desta vez contará com um aliado de peso, a França. A Europa, e particularmente o presidente François Hollande, têm criticado a desvalorização competitiva que o Japão e os Estados Unidos têm feito, a fim de estimular as vendas externas de suas indústrias.

Nesta manhã, o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, minimizou os temores de “guerra de moedas”. Para ele, Japão e Estados Unidos apenas “utilizam os seus instrumentos” para tentar apoiar a retomada do crescimento.

“Não há uma guerra de moedas”, afirmou Gurría. “Hoje nós estamos mais afastados de uma guerra de moedas do que há dois ou três anos.” O secretário-geral acrescentou que é do interesse da OCDE que o Japão “se livre da deflação”.

Nesta quinta-feira, o FMI considerou "exagerados" os temores sobre uma guerra de moedas. "Nossa avaliação multilateral não revela diferenças muito importantes na valorização das moedas de referência", informou o porta-voz do FMI, Gerry Rice. "Será necessário vigiar a evolução da situação, atentos a uma cooperação. O FMI pode contribuir para facilitar esta cooperação" entre as grandes potências, acrescentou Rice.

Hoje à tarde, os ministros serão recebidos no palácio do Kremlin pelo presidente russo, Vladimir Putin, já que o país preside o G20 em 2013. A Rússia escolheu a busca por “novas fontes de crescimento” como o tema das conversas multilaterais. Pela primeira vez desde 2009, neste ano a cúpula não terá como foco a crise na zona do euro, que começa pouco a pouco a ser controlada.
 

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