Fifa pressiona Brasil a aprovar Lei Geral da Copa

Pressão ou ameaça à soberania? Essa é a pergunta que o correspondente do jornal Les Echos em São Paulo, Thierry Ogier, se faz ao analisar o texto da Lei Geral da Copa de 2014. A Fifa exige que a lei seja aprovada o mais rapidamente possível e conforme seus interesses, mas a votação no Congresso foi adiada para a próxima terça-feira.

Imagem aérea do estádio Maracanã que está em obras para a Copa do Mundo. REUTERS/Ricardo Moraes

A aprovação de texto-base da Lei Geral da Copa, que define regras para a realização da Copa do Mundo em 2014 e das Confederações em 2013, foi anulada por um "vício de procedimento". A nova votação acontecerá na próxima terça-feira.

O texto que havia sido aprovado na terça determinava itens como a cobrança de meia-entrada a idosos em qualquer categoria. Além disso, estabelecia uma categoria especial com ingressos mais baratos, destinados a estudantes e beneficiários de programas de transferência de renda do governo federal. Nesse ponto, apesar da certa resistência, a Fifa cedeu e haverá uma cota de ingressos com preços populares de US$ 25 (R$ 42). A organização mundial do futebol, porém, não aceitou a proposta brasileira de meia-entrada para populações indígenas.

Mas o assunto mais polêmico diz respeito à venda de álcool nos estádios durante a Copa do Mundo. O estatuto do torcedor no Brasil proíbe a venda de bebidas alcoólicas, mas a Fifa, escreve o jornal, “está irredutível: a Budweiser [marca de cerveja] é um dos grandes patrocinadores [do evento]”. O meio termo encontrado foi a venda de álcool em copos de plástico.

Em tom irônico, o jornalista afirma que o Brasil e a Fifa concordam plenamente apenas em uma questão: os dias de jogos da seleção brasileira durante a Copa serão feriados e as escolas ficarão de férias enquanto durar a competição.