Greve contra cortes paralisa funcionalismo público na Espanha
A Espanha enfrenta nesta terça-feira a primeira grande paralisação do funcionalismo público desde a reabertura democrática. Os funcionários cruzam os braços para protestar contra o plano de austeridade anunciado pelo governo em maio.
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Cerca de 2,5 milhões de funcionários em todas as regiões do país foram convocados para a greve geral da categoria de 24 horas nesta terça-feira. Eles protestam contra cortes salariais de até 5% anunciados pelo governo em maio, dentro de um plano de ajuste exigido pela União Europeia.
Na manhã desta terça-feira, 75% da categoria aderiram à paralisação, segundo a União Geral dos Trabalhadores e Comissões Obreiras, os dois principais sindicatos do país e tradicionais aliados do chefe de governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero. Na capital Madri, são cerca de 60% dos funcionários parados e, na comunidade de Ceuta, a adesão foi de 100%, segundo a União Geral dos Trabalhadores. Já a secretaria de Estado da Função Pública, Consuelo Rumi, disse na manhã desta terça-feira que a adesão é de apenas 15%.
Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri
Entre os setores que participam da paralisação, estão os sistemas de saúde, educação e penitenciário, a administração pública nacional e local, portos e autoridades aeroportuárias, portuárias e marítimas e o banco central espanhol. Do sistema de transporte público, apenas os trens da região da Catalunha e os ônibus da Cantabria aderiram à greve. Nas outras regiões, os transportes públicos funcionam normalmente nesta terça-feira, assim como ambulatórios, serviços de urgência, escolas, Registro Civil, alguns juizados e sessões no Congresso dos Deputados e no Senado.
Os cortes de salários previstos no plano de ajuste afetarão cerca de 2,8 milhões de funcionários públicos da Espanha, que podem perder até 220 euros por mês. Segundo o governo, as reduções começam em julho e serão feitas progressivamente por um ano. Os sindicatos consideram o plano “um duro golpe” do governo na política social, que era uma das principais bandeiras de Zapatero. A paralisação desta terça-feira marca, segundo analistas políticos do país, o fim de uma paz social que a Espanha conseguia manter apesar da crise.
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