Dissidente é impedido de deixar Cuba para receber prêmio europeu

O Parlamento Europeu marcou com uma cadeira vazia a ausência do dissidente cubano Guillermo Fariñas na cerimônia de entrega, nesta quarta-feira, do prêmio Sakharov, realizada em Estrasburgo. Ele foi impedido pelo governo de Raul Castro de deixar Cuba para receber o prêmio.

Guillermo Fariñas, em sua casa de Santa Clara, no dia 14 de dezembro. REUTERS/Stringer

Numa carta enviada à organização do prêmio, Fariñas fez um apelo para que a União Europeia não se deixe enganar pelo regime de "comunismo selvagem" cubano. O dissidente declarou que a única aspiração do governo Castro é de que a UE suspenda a Posição Comum, um documento que exige de Havana avanços em direitos humanos e democracia».

Aos 48 anos, o cyberjornalista e psicólogo Guillermo Fariñas é um forte opositor do regime comunista dos irmãos Fidel e Raul Castro. Ele é o diretor da agência ilegal de informação Cubanacan Press e membro do movimento clandestino “Aliança Democrática Cubana”. A principal arma de combate do jornalista é a greve de fome. Ele já fez 23 no total.

A última e mais longa durou 135 dias e começou em 24 de fevereiro deste ano, um dia depois do anúncio da morte do prisioneiro político Orlando Zapata, de 42 anos. Fariñas pedia a libertação de 26 presos políticos doentes. O fim da greve de fome aconteceu com o anúncio de Raul Castro da libertação de 52 prisioneiros políticos, sendo que 39 já estão em liberdade.

Esta é a terceira vez em menos de 10 anos que o Parlamento Europeu premia dissidentes do governo Castro. Em 2002, o prêmio foi entregue à Oswaldo Paya e, em 2005, às mulheres dos prisioneiros políticos, chamadas de damas de branco, que também foram impedidas de participar da cerimônia. 

O prêmio Sakharov recompensa, anualmente, personalidades que lutam contra a intolerância, o fanatismo e a opressão em todo o mundo.