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Reino Unido/escândalo

Fragilizado, Cameron encurta viagem à África para se explicar sobre escutas telefônicas

Inicialmente prevista para durar cinco dias, a viagem do primeiro-ministro britânico David Cameron ao continente africano já foi encurtada duas vezes. Agora ele não volta mais à Londres na quarta-feira pela manhã, mas na terça à noite. Diante de novas revelações embaraçosas e dos ataques da oposição, o premiê quer mais tempo para preparar o discurso que fará ao Parlamento na quarta.

Em viagem à África, Cameron está sendo atacado pela oposição em Londres.
Em viagem à África, Cameron está sendo atacado pela oposição em Londres. Reuters
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Recém-chegado ao continente africano para uma visita de dois dias à África do Sul e Nigéria, o primeiro-ministro britânico David Cameron já está sendo obrigado a reagir às novas repercussões do escândalo provocado pelas escutas telefônicas no Reino Unido. Nesta segunda-feira ele se propôs a dar explicações sobre seu último e surpreendente capítulo : a admissão feita pelo chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson, de que teria remunerado como consultor o ex-responsável editorial do tablóide News of the World, Neil Wallis, até agora poupado da tempestade política.

“Peço ao Parlamento que se reúna na próxima quarta-feira para que eu possa informar a Câmara sobre os últimos acontecimentos ligados à investigação e responder a perguntas”, disse Cameron nesta segunda-feira, em Pretória, atrasando assim de um dia as férias parlamentares. Enquanto isso, em Londres, o líder da oposição, Ed Miliband, afirmava que Cameron está se mostrando incapaz de assumir a liderança do país.

Nesta terça-feira será a vez do magnata Rupert Murdoch , 80 anos, de seu filho James, 38, e de Rebekah Brooks, 43, dar explicações diante de dez deputados membros da Comissão de Mídia da Câmara dos Comuns.

Zona de livre comércio

Cameron viajou para a África no domingo à noite, apesar da prisão de Rebekah Brooks, ex-diretora geral do grupo News Corp, posta em liberdade sob fiança na noite deste domingo, e da demissão do chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson. Acompanhado de 25 empresários, ele justificou a viagem afirmando que o apoio do Reino Unido à África é uma prioridade, pois ela representa “uma gigantesca oportunidade para o comércio, crescimento econômico e emprego”. No entanto, a viagem que deveria durar cinco dias foi encurtada duas vezes em função da tempestade política que agita o Reino Unido.

O primeiro-ministro aproveitou a ocasião para pedir ajuda às vítimas da catastrófica seca que atinge a África do Leste e reafirmar seu apoio à idéia de uma zona africana de livre comércio. Segundo ele, a zona poderia aumentar o PIB do continente de 62 bilhões de dólares por ano. No que se refere à questão Líbia, Cameron e o presidente sul-africano, Jacob Zuma, afirmaram estar de acordo sobre o essencial, ou seja, que Muammar Kaddafi deve deixar o poder.

Proximidade questionável

Na origem do escândalo das escutas ilegais no Reino Unido está o recém-extinto tablóide News of the World, que desde o ano 2000 vinha grampeando os telefones de cerca de quatro mil pessoas no Reino Unido, entre elas políticos, celebridades e mesmo uma estudante de 13 anos, assassinada em 2002.

No último sábado, o jornal The Independent questionou a proximidade entre o governo britânico e o magnata da mídia, Rupert Murdoch, proprietário do News of the World. Segundo o jornal, David Cameron teve diversas reuniões com executivos da mídia nos últimos 15 meses, incluindo 26 com Murdoch e seus executivos.

Além disso, o filho de Murdoch, James, Rebekah Brooks e o ex-editor do tabloide News of The World, Andy Coulson, ficaram na casa de campo de Cameron, em Chequers.
 

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