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Grã-Bretanha/Europa

Cameron defende veto a tratado europeu

Em um discurso diante da Câmara dos Comuns, nesta segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, defendeu sua oposição a um novo tratado europeu. No domingo, o vice-primeiro-ministro liberal Nick Clegg disse que a Grã- Bretanha corria o risco de “se isolar” e de ser “marginalizada” depois do veto de Cameron.

O primeiro-ministro britânico David Cameron
O primeiro-ministro britânico David Cameron EUTERS/Olivia Harris
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As divergências entre Clegg e Cameron evidenciam as dificuldades da coalizão dos conservadores e liberais no Reino Unido. O premiê britânico foi o único líder europeu a recusar o acordo entre os membros do bloco, anunciado na sexta-feira. O documento propõe mudanças substanciais nos tratados europeus para adequá-los à nova realidade econômica do continente: a crise dos déficits obriga os países a adotar políticas rígidas de restrições orçamentárias, para não colocar em risco a própria existência da zona do euro.

O premiê britânico foi aplaudido pelos deputados eurocéticos mais conservadores que acompanharam seu discurso e declarou que "não tinha por que se desculpar." Cameron é contra uma maior regulação do mercado financeiro, que colocaria em risco os interesses da City londrina, como é conhecido o setor financeiro local. Segundo ele, o tratado também viabilizaria uma concentração de “poderes sem precedentes da Comissão Europeia”. O premiê britânico voltou a insistir que "tomou a boa decisão", mas ressaltou que a União Europeia continua sendo "vital para os interesses britânicos".

O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, pediu que Cameron explicasse por que o tratado representa uma ameaça para o mercado financeiro, mas não obteve uma resposta clara do primeiro-ministro. Ele denunciou o "desastre diplomático" da decisão do primeiro-ministro, que coloca a Grã-Bretanha em uma situação de representatividade relativa na União Europeia. O comissário europeu para as relações econômicas e monetárias, Olli Rehn, também disse “lamentar a decisão do governo britânico.”

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, fez uma crítica direta à decisão britânica em entrevista ao jornal Le Monde. "Agora está claro que existem duas Europas. Uma que defende a solidariedade entre seus membros e a regulação, e outra que defende a lógica do mercado único", disse. Nesta segunda-feira, Cameron garantiu que continua tendo uma boa relação com Sarkozy, e citou a campanha bem-sucedida na Líbia, conduzida pelos dois países.

Sarkozy está conformado com a perda do triplo A

Na entrevista, o presidente francês também minimizou as consequências de um eventual rebaixamento da nota da dívida soberana da França - atualmente, o país conta com a nota máxima AAA -, dizendo que o governo tem meios para superar essa situação. As agências de classificação de risco Standard’s and Poor, Moody's e Fitch ameaçam abaixar a nota francesa.

A Fitch divulgou um comunicado estimando que a cúpula da União Europeia da semana passada não definiu uma solução perene para a crise, capaz de tranquilizar o mercado financeiro. Em consequência, as principais bolsas de valores mundiais fecharam ontem em baixa.

 

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