Morre o tcheco Vaclav Havel, herói da "Revolução de Veludo"
Faleceu neste domingo, aos 75 anos, o ex-presidente tcheco Vaclav Havel, que ganhou fama como dramaturgo ao criticar o regime comunista em suas peças de teatro e tornou-se líder da "Revolução de Veludo", de 1989, que pôs fim ao regime totalitário de Praga de forma pacífica.
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Vaclav Havel teve várias complicações de saúde nos últimos anos - câncer no pulmão, bronquite crônica, pneumonia. Ele não só lutou contra as doenças até o fim, como sempre foi persistente em sua vida.
Antes de virar herói na transição democrática da antiga Tchecoslováquia, ele ficou preso durante quase cinco anos e nesta época escreveu o ensaio "Cartas a Olga", sua primeira esposa. Opositor do governo nas décadas de 70 e 80, Havel criticava o comunismo através de suas peças, que fundaram uma corrente do teatro do absurdo e tinham uma herança kafkiana.
Com a queda do regime comunista, durante a "Revolução de Veludo", o líder da resistência pacífica chegou à presidência da Tchecoslováquia, em 1989. Em sua gestão, ele promoveu a transição do país para a democracia e supervisionou a divisão pacífica do país em 1993, que resultou na formação da República Tcheca e da Eslováquia. Foi reeleito em 1998 e ficou no poder até 2003, liderando a entrada do país na Otan, em 1999, e os preparativos para aderir à União Europeia, em 2004.
Em 2006, publicou um livro com suas memórias políticas e, em 2008, lançou no teatro a peça "A ponto de partir", mesmo título do seu primeiro filme.
Há uma semana, Havel havia se encontrado em Praga com o Dalai Lama, chefe espiritual dos budistas tibetanos, antes de voltar para sua casa de campo, onde morreu dormindo nesta madrugada.
Declarações e homenagens
Primeiro-ministro tcheco, Petr Necas: "Estou extremamente emocionado. Ele era o símbolo e a cara da nossa República, uma das grandes personalidades políticas do fim do século XX e início do século XXI. A sua morte representa uma imensa perda. Ele ainda tinha muito o que dizer no plano político e social."
Ex-ministro francês da Cultura Jack Lang: "Sinto um imenso pesar com o falecimento de um combatente emblemático na liberação do seu país. No Panthéon das grandes figuras da vida pública contemporânea, Vaclav Havel é sem dúvida junto com Nelson Mandela uma das personalidades mais marcantes."
Primeiro-ministro britânico, David Cameron: "Ele dedicou sua vida à causa da liberdade humana. Durante muitos anos, o comunismo tentou esmagá-lo e apagar sua voz. Mas Havel, dramaturgo e dissidente, não podia ser reduzido ao silêncio."
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