Economia alemã vai bem, mas deve reforçar seu crescimento, diz OCDE
A OCDE prevê um crescimento de 0,4% do PIB da Alemanha para este ano, bem inferior ao registrado no país em 2011, que foi de 3%, e abaixo das previsões atuais dos alemães, indicou nesta terça-feira o ministério da Economia. A Organização para Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico justifica essa queda no produto interno bruto alemão ao “recuo dos impulsos econômicos vindos do exterior e à crise da dívida da zona do euro”.
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As previsões das principais autoridades alemãs indicam que o PIB do país deverá crescer acima do que prevê a OCDE. Para o governo, o crescimento poderá ser de 0,7% este ano, os institutos de pesquisa indicam 0,8% e o Banco Central aposta em 0,6%.
Além das previsões de crescimento para o ano, a OCDE divulgou um relatório detalhado sobre a situação do país que elogia as reformas feitas para dar mais dinamismo à economia, e, por outro lado, pressiona o governo para adotar medidas para estimular o crescimento doméstico.
"Nós viemos parabenizar a Alemanha, dizer ‘bravo’ e ‘belo trabalho‘, mas também que não descansem em cima de seus louros”, disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, que foi a Berlim especialmente para apresentar o relatório dedicado à principal economia da Europa.
“A Alemanha deverá ir além da gestão de crise para se concentrar na sequência do crescimento de longo prazo”, disse Gurría, alertando o país para se distanciar do modelo baseado nas exportações e investir mais na produção de conhecimento.
“É uma transição vital”, defendeu o secretário-geral da OCDE. O exemplo citado pela Organização é o da porcentagem de estudantes diplomados de nível superior que é de 26% entre os jovens de 25 a 34 anos, índice bem inferior ao da média de outros países membros da OCDE que é de 37%. O relatório destaca que a média alemã não evoluiu nos últimos 30 anos.
“Em relação à reformas estruturais, a Alemanha fez esforços consideráveis, especialmente no sistema trabalhista, que demonstrou bons resultados durante a recente recessão “ e que, segundo OCDE, “podem servir de lição a outros países".
Mas a organização alerta que é preciso reforçar o potencial de crescimento interno principalmente devido ao envelhecimento rápido da população. A OCDE estima que o fenômeno já custou 0,2% do crescimento do país em 2011 e que índice pode chegar a 0,9% em 2025.
A Alemanha, grande potência exportadora, também poderia, segundo a OCDE, “reduzir seu grande excedente comercial de conta corrente e contribuir para corrigir os desequilíbrios mundiais”.
Ecologia
Um outro aspecto importante destacado pela OCDE no documento é em relação à política ambiental do governo que anunciou o abandono progressivo da energia nuclear até o final de 2022.
Em seu relatório, a Organização afirma que, apesar de seus grandes esforços, a Alemanha continua sendo o principal país emissor de gazes que provocam o efeito estufa da Europa devido ao uso intensivo de gás e de carvão na produção de energia elétrica.
A Organização critica ainda o governo da Alemanha, país que cultiva a imagem de exemplo ecológico, por ter dedicado em 2010 um montante de 7,5 bilhões de euros (0,3% do PIB) para subsidiar as energias fósseis e que, através de seu sistema fiscal, estimula o uso de carros de função (30% do parque automobilístico alemão) bem como o uso de veículo para a população ir ao trabalho.
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