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França/Eleições

Jornais europeus não acreditam que Sarkozy vença segundo turno

Após o resultado do primeiro turno, imprensa europeia se mostra descrente quanto à vitória de Sarkozy nas eleições francesas. Para os jornais, a grande surpresa das urnas foi o alto índice de votos alcançado por Marine Le Pen, candidata da extrema-direita.

O presidente Nicolas Sarkozy (à dir.) e o candidato socialista François Hollande vão disputar o 2° turno das eleições presidenciais no dia 6 de maio. n
O presidente Nicolas Sarkozy (à dir.) e o candidato socialista François Hollande vão disputar o 2° turno das eleições presidenciais no dia 6 de maio. n REUTERS/Eric Feferberg/Pool
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As eleições presidenciais francesas foram destaque nos noticiários europeus. O resultado das urnas confirmou a tendência apontada pelas pesquisas de opinião, exceto pelo ótimo desempenho da terceira colocada, a candidata Marine Le Pen, que ficou com 17,9% dos votos. Na semana passada, a disputa pela terceira posição desse primeiro turno já prometia ser motivo de surpresas.

A disputa entre a extrema-direita e a extrema-esquerda francesas esquentava a corrida eleitoral. Jean-Luc Mélenchon, candidato da Frente de Esquerda, havia subido seus índices nas últimas pesquisas, chegando a 14% das intenções de voto. Alguns estudos mais otimistas chegaram a indicar que o esquerdista conquistaria a terceira colocação com o apoio de 17% dos eleitores.

O jornal belga Le Soir considerou que essas eleições marcam uma "vitória pessoal" de Marine Le Pen que "pode esperar, neste momento, 'quebrar' a paisagem política e tentar uma recomposição da direita". Para o diário, François Hollande "já tem um pé no Eliseu. Mas a esquerda deve moderar sua alegria, pois a Frente Nacional, sem alcançar o segundo turno, cria um novo choque".

Voto de rejeição

Os jornais alemães avaliam que os eleitores depositaram um "voto de rejeição" contra Sarkozy, como declarou o Financial Times Deutschland. O Der Spiegel vê nesse primeiro resultado um sinal de que "os franceses estão frustrados quanto ao estado do seu país e com raiva de seu presidente". E em relação aos bons números da terceira colocada, o jornal considera que o discurso de Marine Le Pen "é crível para as classes modestas francesas, que sofrem".

O Süddeutsche Zeitung, de centro-esquerda, alerta que o resultado da Frente Nacional "é um aviso fatídico para toda a Europa" e que o Hollande "não convence mais", além de ser "o menos pior" dos candidatos. O Berliner Zeitung adotou como título: "a péssima surpresa" Le Pen, "uma vergonha para a démocracia". Enquanto o jornal de negócios Handelsblatt declarou "piedade a Hollande" que a partir do dia 18 de maio deve dirigir um país para uma população "profundamente desiludida". E "se o Sarkozy quer ganhar o segundo turno, ele deve ganhar os votos da extrema-direita e do centro - o que seria uma proeza inédita na aritmética política", analisou o diário Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Sarkozy esbofeteado

Na Itália, a imprensa especula o destino dos eleitores de Le Pen no segundo turno. O jornal de esquerda La Repubblica avalia que "Sarkozy conta, agora, com eleitores da Frente Nacional" depois de ser "esbofeteado na corrida ao Eliseu". O diário de maior prestígio do país, Il Corriere della Sera, segue na mesma linha e escreveu em sua manchete "França: Sarkozy derrotado (mas ele continua bem), Hollande vence, explosão de Le Pen".

Para o jornal Politiken, da Dinamarca, "os franceses estão cansados de Sarkozy". Seu correspondente em Paris afirmou que "Hollande pode contar com um apoio massivo dos eleitores da esquerda, enquanto o atual presidente terá a dura tarefa de convencer os eleitores de Marine Le Pen".

Eles pensam na Grécia?

O Ta Nea, principal jornal grego, considera que o franceses "votaram pela Grécia" ao colocar Hollande na primeira colocação da disputa eleitoral. A imprensa chama o candidato da esquerda de "Rooseveld europeu", devido ao seu apoio às medidas de crescimento na França e na Europa. Eles esperam que a vitória do socialista faça uma pressão sobre Angela Merkel capaz de transformar a política europeia "com menos rigor e uma maior ênfase no desenvolvimento".

Ironia russa e o avanço Le Pen

Na Rússia, a imprensa avalia que os franceses escolheram entre "dois males" e votam mais "contra" Nicolas Sarkozy que "a favor" de Hollande. O jornal Kommersant ironizou a situação dizendo que "dos dois males, [os franceses] escolheram o mais fresco". O diário Vedomosti foi um dos poucos grandes jornais do mundo que lançaram boas notícias sobre o candidato da direita. Ele declarou que Sarkozy "tem chances de vencer".

A imprensa israelense mostrou-se preocupada com o avanço de Marine Le Pen. O jornal Maariv afirmou que, nesta campanha, existem "dois na disputa" mas apenas "uma vencedora", em alusão clara à candidata da extrema-direita, a quem considerou como "a nova chefe da oposição". E o diário Israel Hayom utilizou como título "ela os contornou pela direita", destacando a alta quantidade de votos de Le Pen, a grande surpresa desse primeiro turno das eleições.

 

 

 

 

 

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