Eleições deram força a partidos radicais gregos contrários a planos de austeridade
A coalizão de socialistas e conservadores perdeu a maioria absoluta no Parlamento. Sufocados pela recessão, os gregos fizeram escolha radical nas legislativas desse domingo, com votação histórica na extrema-esquerda e a volta dos neonazistas ao parlamento de Atenas.
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Com 99% das urnas apuradas, os dois partidos que se uniram para tirar a Grécia da falência não conseguiram maioria suficiente para governar. Juntos a Nova Democracia e o Pasok, que comandaram a política grega nos últimos 38 anos, somaram 149 cadeiras das 300 do parlamento. A diferença de uma cadeira complicou a tarefa do conservador Nova Democracia, o vencedor com 18,8% dos votos. Para governar, além do Pasok, vai ser preciso o apoio de um terceiro partido.
Antonis Samaris líder do Nova Democracia terá três dias para formar um novo governo. Ele disse estar pronto para assumir a responsabilidade de um governo para cumprir dois objetivos: manter a Grécia na zona do euro e uma política de resgate do crescimento para gerar crescimento e aliviar a sociedade grega.
Se não conseguir apoio para formar o governo, a tarefa será confiada ao segundo colocado, a Coalizão da Esquerda Radical (Syriza), a grande surpresa das eleições.
Com seu forte discurso contra os planos europeus de ajuda ao país e às medidas de austeridade para reduzir o déficit das contas públicas, a Coalizão da Esquerda Radical passou de 5% para mais de 16% afundando o socialista Pasok.
Considerado grande vencedor das eleições legislativas, Alexis Tsipras, de 37 anos, líder da Coalizão da Esquerda Radical, um partido hostil às medidas de austeridades exigidas pelo FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu, mandou um recado para Angela Merkel, chefe de governo da Alemanha. “Merkel deve perceber que a política de austeridade acaba de sofrer uma imensa derrota”, disse.
“Através do voto, os eleitores gregos deram um mandato para uma nova era para nosso país, onde a solidariedade e a justiça vão substituir as medidas bárbaras dos planos de austeridade”, afirmou Tsipras.
Derrocada
De 44% dos votos conquistados nas eleições de 2009, o Pasok conquistou pouco mais de 13% nestas eleições. Reconhecendo que seu partido pagou um preço alto pela crise econômica do país, o líder do Pasok, Evangelos Venizelos, fez um apelo para a formação de um governo de união nacional composto por partidos que sustentem os planos adotados para o país se manter na zona do euro e evitar a falência.
Outro sinal da revolta dos gregos com a situação do país foi a votação expressiva do partido antieuropeu e anti-imigração "Amanhecer Dourado" que conquistou 7% dos votos, e garantiu sua entrada no parlamento.
É a primeira vez desde a queda da ditadura no país, em 74, que uma formação ultranacionalista tem assento no parlamento da Grécia, país considerado o berço da democracia ocidental.
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