Bento 16 se despede dos fieis no dia 27 de fevereiro

O Vaticano deu início nesta terça-feira a um período de transição inédito, depois do anúncio-surpresa da demissão do papa Bento 16. O pontífice vai se despedir de seus fieis com uma audiência na Praça São Pedro em 27 de fevereiro, véspera do seu último dia como líder da igreja católica.

O papa Bento 16 terá o último contato com os fieis como chefe da igreja católica no cia 27 de fevereiro. REUTERS/Tony Gentile

"A última audiência geral vai acontecer no dia 27 de fevereiro na Praça São Pedro porque haverá muita gente", anunciou o porta-voz do papa, Federico Lombardi, durante uma entrevista coletiva de imprensa no Vaticano. Até lá, Bento 16 vai cumprir todos os "compromissos programados", incluindo encontros nesta semana com os presidentes da Guatemala e da Romênia, disse Lombardi.

O papa vai reaparecer em público pela primeira vez desde o anúncio nesta quarta-feira, para sua audiência semanal, e em seguida participa da missa da Quarta-feira de Cinzas, que vai acontecer excepcionalmente na Basílica São Pedro.

Ele voltará a ser o cardeal Joseph Ratzinger no dia 28 de fevereiro às 17h (horário de Brasília) "porque geralmente é a essa hora que ele termina seu dia normal de trabalho", explicou o porta-voz.

Enquanto o novo papa não for escolhido, o Vaticano será comandado pelo atual secretário de Estado, Tarcisio Bertone.

O padre Federico Lombardi também desmentiu rumores sobre o estado de saúde do papa. Ele admitiu pela primeira vez que Bento 16 usa um marcapasso "há algum tempo", desde antes de se tornar papa em 2005, mas minimizou uma intervenção recente revelada por um jornal. Segundo ele foi uma "operação de rotina para trocar as baterias, que não tem nada a ver com sua decisão".

O motivo para a abdicação, de acordo com o porta-voz, foi "a percepção de que suas forças diminuem com o aumento da idade". Ele repetiu que "não há doenças específicas".

Lombardi confirmou que o papa tomou essa decisão após o retorno de uma viagem ao México e a Cuba, em março de 2012. Um círculo muito restrito de colaboradores, incluindo seu secretário Georg Gaenswein, foi informado na época, segundo a mídia italiana.

Mesmo após abdicar do papado, Bento 16 vai continuar morando no Vaticano, em um mosteiro, "onde ele se dedicará à oração e à reflexão sem ter nenhum cargo" na Igreja, repetiu o padre Lombardi. De acordo com ele, não haverá nenhum problema com o seu sucessor, nenhuma interferência deve ser esperada" porque "o papa é uma pessoa de extrema discrição e rigor".

As apostas sobre o nome do futuro papa já começaram. Os especialistas no Vaticano estão convencidos de que Bento 16 enfatizou sua idade avançada (quase 86 anos) ao anunciar sua renúncia para estimular os cardeais a escolherem um sucessor relativamente jovem.