Acesso ao principal conteúdo
Europa/imigração

Mau tempo suspende busca de corpos do naufrágio na costa de Lampedusa

As buscas pelos corpos do naufrágio de um barco de imigrantes na costa da Itália continuavam suspensas na manhã deste sábado devido ao mar agitado e ao mau tempo. Novo balanço indica que a tragédia registrada dois dias atrás teria deixado ao menos 300 mortos. Até o momento 111 corpos foram resgatados.

Navio afundado na costa de Lampedusa em foto divulgada pelas autoridades italianas.
Navio afundado na costa de Lampedusa em foto divulgada pelas autoridades italianas. REUTERS/Vigili Del Fuoco/Handout via Reuters
Publicidade

O resgate dos corpos continua suspenso, informou um responsável pela polícia aduaneira italiana. Rajadas de vento fortes e o mar agitado por vento classificado na categoria 4 impedem os mergulhadores de continuar o trabalho.

O barco clandestino deixou a costa da Líbia lotado, com uma tripulação estimada entre 450 e 500 imigrantes, a maioria originários da Eritréia. A embarcação afundou após um incêndio acidental na madrugada desta quinta-feira, nas proximidades da costa de Lampedusa.

As equipes de socorro, formadas por pescadores e membros da guarda-costeira além de voluntários, conseguiram salvar 155 pessoas. O naufrágio já é considerado um dos maiores dramas nos últimos anos envolvendo imigrantes que tentar entrar na Europa .

"Há uma obrigação jurídica e moral de resgatar todos os corpos. Centenas de familiares aguardam notícias de seus parentes” , afirmou Leonardo Ricci, um dos responsáveis pela aduana italiana. Segundo ele, uma das hipóteses seria de trazer de volta à superfície o casco do navio. Para isso, é preciso avaliar a possibilidade de fazer tal manobra e a descida dos mergulhadores serviria para estudar essa hipótese.

O casco foi localizado e os primeiros mergulhos revelaram cenas chocantes. Em entrevista à agência italiana ANSA, um dos mergulhadores relatou: “ é um horror o que vimos lá embaixo; dezenas, talvez centenas de corpos. Eles estão empilhados uns em cima dos outros. Os que tiveram mais sorte foram os que se afogaram primeiro”.

Quatro barcos de pesca foram até o local do naufrágio neste sábado e uma coroa de flores foi lançada ao som de uma sirene. Na sexta-feira, enquanto a Itália observava um dia de luto nacional, a ilha de Lampedusa parou em homenagem às vítimas. Uma marcha com tochas foi organizada na ilha que vive da pesca e do turismo.

Os corpos, incluindo de muitas mulheres e crianças, foram alinhados no hangar do aeroporto onde os rostos foram fotografados para uma eventual identificação. “Estamos acostumados a fazer o que for possível para ajudar a salvar essas pessoas, mas isso nunca havia acontecido antes”, declarou um comerciante da ilha siciliana que se tornou a porta de entrada para muitos imigrantes africanos em situação irregular que tentam entrar no continente europeu em busca de uma vida melhor.

Um abaixo-assinado para atribuir o Prêmio Nobel da Paz à Lampedusa foi lançado pela revista italiana L’Espresso e já recolheu 30 mil assinaturas.

O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, anunciou que as vítimas receberão a nacionalidade italiana. Ele qualificou o episódio de “vergonha” e pediu à Europa para melhorar "seu nível de intervenção". A Itália registrou um fluxo de 30 mil imigrantes e refugiados desde o início do ano.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.