Acesso ao principal conteúdo
Ucrânia/protestos

Milhares vão às ruas na Ucrânia contra presidente

Em mais uma demonstração de força sem precedentes, milhares de manifestantes favoráveis à União Europeia foram às ruas da capital ucraniana Kiev para pedir a saída do presidente Viktor Yanukovitch, acusado de “vender” a Ucrânia à Rússia. Eles protestam também contra a decisão da Ucrânia em não assinar um pacto de adesão ao bloco europeu.

Manifestantes tomaram a praça da Independência, em Kiev, para protestar contra o governo neste domingo (8/12/13).
Manifestantes tomaram a praça da Independência, em Kiev, para protestar contra o governo neste domingo (8/12/13). REUTERS/Stoyan Nenov
Publicidade

Com bandeiras da Ucrânia e da União Europeia, entre 250 mil e 300 mil pessoas lotaram a praça da Independência, local emblemático da “Revolução Laranja”, de 2004, que levou ao poder um governo pró-Ocidente. Para os manifestantes, que gritavam slogans pedindo a saída de Yanukovitch, o número de participantes chegou “perto de um milhão”. Escritores, filósofos e personalidades religiosas cantaram o hino ucraniano ao lado dos líderes do movimento e da filha da ex-premiê Yulia Timochenko, que está na prisão.

Depois do protesto, as forças de segurança abriram um inquérito para apurar alegações contra alguns políticos que, "através de atos ilegais tentaram derrubar o poder", de acordo com uma porta-voz. Outro incidente que aconteceu após a manifestação foi a derrubada de uma estátua de Lênin, um dos heróis da revolução russa e fundador do Estado Soviético.

A tensão aumentou na Ucrânia após uma reunião na sexta-feira entre Yanukovich e o presidente russo, Vladimir Putin, para falar de um acordo de associação estratégica entre os dois países. A oposição denunciou no sábado a intenção de Yanukovich de assinar este acordo com o objetivo de fazer a Ucrânia aderir à união aduaneira de repúblicas soviéticas liderada por Moscou.

No domingo passado, entre 200 mil e 500 mil pessoas, segundo fontes, protestaram na praça depois de terem sido desalojadas à força na sexta-feira pela polícia, em uma operação que deixou dezenas de feridos, muitos deles estudantes.

Crise financeira e social

A Ucrânia está há mais de um ano em recessão e tem um enorme déficit público que pode levar o país à falência, segundo analistas e investidores, que acreditam que Moscou pode abaixar o preço do gás que vende ao país se o governo ucraniano desistir de se aproximar da Europa.

Alfredo Valadão, cientista político e cronista da RFI, diz que Ucrânia tornou-se a peça chave da estratégia de Vladimir Putin “para recriar uma espécie de neo-império russo dentro de uma união aduaneira com o Cazaquistão e a Bielorússia”. E para complicar mais o drama ucraniano, ele cita que o país ainda está socialmente dividido: “a população dos territórios orientais que vive da velha indústria pesada da era soviética é mais sensível ao canto de sereia moscovita, enquanto os que moram na capital e na parte ocidental só anseiam pelo modelo da União Europeia”.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.