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Ucrânia/Divisão territorial

Ucrânia aproxima-se da UE e Rússia anexa oficialmente a Crimeia

Dois documentos assinados nesta sexta-feira afastaram juridicamente a Crimeia da Ucrânia. Em Bruxelas, o primeiro ministro ucraniano Arseni Yatseniuk assinou um acordo de aproximação com a União Europeia, enquanto em Moscou, o presidente russo Vladimir Putin chancelou a anexação da Crimeia. Assim, Ocidente e Oriente se opuseram em termos geoestratégicos, em um eco tardio da Guerra Fria. De sua parte, os Estados Unidos anunciaram exercícios militares na Polônia.

Soldados russos entram em base militar de Perevalnoi, próximo à cidade de Simferópol, na Crimeia
Soldados russos entram em base militar de Perevalnoi, próximo à cidade de Simferópol, na Crimeia REUTERS/Shamil Zhumatov
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"É um dia histórico para meu país e eu estou convencido de que é um dia histórico também para toda a União Europeia", afirmou Yatseniuk na cerimônia em Bruxelas. "Queremos fazer parte da família europeia e este é uma primeiro passo para que a Ucrânia atinja seu objetivo: a adesão plena e integral", uma ideia que, no entanto, não é uma prioridade para a maior parte dos dirigentes europeus.

O premiê ucraniano festejou a suspensão das tarifas alfandegárias regionais, uma medida que deve dar novo fôlego às empresas ucranianas, já que abre um mercado de 500 milhões de consumidores. Da tribuna, ele alertou os líderes da União Europeia do perigo que representa a estratégia de Vladimir Putin: "Só Deus sabe qual o objetivo final dele", disse. "É a Ucrânia? É a União Europeia?".

Para o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a assinatura foi um ato simbólico da máxima importância: "Em novembro do ano passado, a recusa de assinar um acordo de associação à União Europeia gerou uma revolta popular e uma mudança de direção política e cultural", afirmou, em alusão à queda de Viktor Yanukovich.

Sanções

Durante a tarde, a União Europeia estendeu as sanções a 12 novos dirigentes russos, aproximando-se do círculos de Putin. Entre as novas personalidades que terão seus bens congelados e vistos suspensos na UE, estão conselheiros do presidente, o vice-Primeiro Ministro Dmitri Rogozin e os presidentes do Conselho da Federação Russa (Valentina Matvienko) e da Duma (Serguei Narychkin), respectivamente a alta e a baixa câmara do Parlamento.

A ideia da União Europeia com o novo pacote de sanções é pressionar Moscou para evitar uma incursão russa pelo leste da Ucrânia, evitando ao mesmo tempo que o excesso de pressão vire um tiro pela culatra.

Rússia

Ao mesmo tempo na Rússia, o presidente Vladimir Putin chancelava o texto aprovado pelo Parlamento que oficializa a anexação da Crimeia à Federação Russa. As duas câmaras já haviam aprovado a medida na parte da manhã e, à tarde, o presidente deu o aval final, em cerimônia no Kremlin, transmitida ao vivo pela televisão. Duas novas unidades administrativas foram criadas: a Crimeia e a cidade portuária de Sebastopol.

Putin saudou "todos os cidadãos da Federação Russa, os habitantes de todo o país, da Crimeia e de Sebastopol pelo que é, sem exagero, um evento da maior importância". Depois, os poucos parlamentares e membros do executivo presentes apertaram a mão do presidente e ouviram o hino nacional.

Polônia em Guerra Fria

Diante do crescimento da tensão entre a Rússia e a União Europeia, os Estados Unidos anunciaram uma série de exercícios militares na Polônia, dos quais participarão também ao menos cinco outros países da Europa do Leste e das repúblicas bálticas. De acordo com o anúncio feio pela rádio local Zet, que citava o embaixador americano em Varsóvia, os parceiros dos americanos na manobra serão a República Tcheca, a Eslováquia, a Hungria, a Romênia, a Bulgária, a Lituânia, a Letônia e a Estônia.

De acordo com fontes próximas ao ministro francês da Defesa, Jean-Yves le Drian, a França oferecerá aos países Bálticos e à Polônia o envio de quatro aviões de combate (Rafale e Mirage 2000) para reforçar, dentro dos quadros da Otan, a vigilância aérea da região.

Nesta quarta-feira, Paris anunciou a suspensão de sua colaboração militar com Moscou mas, de Bruxelas, o presidente François Hollande reiterou o convite a Vladimir Putin para participar das comemorações do 70° aniversário do Dia D, quando os aliados desembarcaram na Normandia para retomar a França dos nazistas, em 6 de junho de 1944.
 

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