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Ucrânia/Rússia

Comboio humanitário e suposto reforço a separatistas aumentam tensão entre Rússia e Ucrânia

O comboio russo de ajuda humanitária para a população do leste da Ucrânia continua bloqueado a poucos quilômetros da fronteira ucraniana, onde deve ser inspecionado. O líder dos rebeldes do reduto pró-russo de Donetsk acusou o governo de Kiev de retardar deliberadamente os caminhões. Os chanceleres russo e ucraniano se encontram neste domingo em Berlim para tentar frear a escalada da tensão entre os dois países.

O comboio humanitário russo está parado a poucos quilômetros da fronteira com a Ucrânia e deve passar por uma inspeção antes que seu carregamento possa ser transferido para o território ucraniano.
O comboio humanitário russo está parado a poucos quilômetros da fronteira com a Ucrânia e deve passar por uma inspeção antes que seu carregamento possa ser transferido para o território ucraniano. REUTERS/Maxim Shemetov
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O reduto rebelde de Donetsk, sitiado pelo exército ucraniano, "está em uma situação humanitária muito preocupante e precisamos da ajuda que a Rússia nos envia e que ainda não recebemos como necessitamos do oxigênio", declarou Alexandre Zakhartchenko, o autoproclamado "primeiro-ministro" separatista.

"Não é só o exército ucraniano que não quer que a ajuda humanitária chegue até nós e impede que isso aconteça. Na verdade, o governo ucraniano impede que ela chegue com todos os obstáculos possíveis, legais e outros", afirmou ele.

Os quase 300 caminhões russos, que carregam 1.800 toneladas de ajuda humanitária, de acordo com Moscou, não cavançam desde quinta-feira (14). Os guardas de fronteira e os agentes alfandegários ucranianos que entraram no território russo ainda não haviam começado sua inspeção na manhã deste sábado (16). Eles esperam documentos da Cruz Vermelha, que deve se encarregar da distribuição da ajuda aos redutos rebeldes.

Crise humanitária

Em Donetsk, foram ouvidos tiros de artilharia durante a noite e explosões perto dos bairros da região nordeste da cidade. Em Lugansk, cercada e sitiada pelo exército ucraniano, a ong Observatório dos Direitos Humanos descreveu neste sábado uma situação humanitária "muito difícil", pois a cidade não tem mais água, eletricidade e telefone há duas semanas.

Segundo as autoridades locais, houve intensos bombardeios durante a noite, seguidos de vários incêndios na cidade. A ong também denunciou o uso, pelos dois lados em conflito, de armas pesadas em zonas habitadas, que provocaram a morte de várias dezenas de civis nos últimos dias.

Moscou, por sua vez, acusou Kiev, que enviou à região leste seus próprios caminhões carregados de ajuda, de querer sabotar sua operação humanitária. "A intensificação brutal das operações militares" ucranianas na zona que o comboio russo deve atravessar "tem evidentemente o objetivo de barrar o itinerário concordado com Kiev", afirmou a diplomacia russa.

As forças ucranianas reivindicaram na quinta-feira o controle da estrada entre Lugansk e a fronteira russa, barrando assim o caminho que os caminhões deveriam seguir.

Aumento da tensão

A tensão internacional também aumentou depois que a Ucrânia afirmou nesta sexta-feira ter "destruído" parte de uma coluna de tanques russos que havia penetrado em seu território no dia anterior.

Washington pediu que Moscou parasse com suas "provocações", enquanto os ministros das Relações Exteriores da União Europeia insistiram para que a Rússia "parasse imediatamente com toda forma de hostilidade".

Moscou continuou a negar qualquer passagem de tropas ou de material russo pela fronteira. Mas o "primeiro-ministro" separatista, Alexandre Zakhartchenko, declarou ter recebido reforços da Rússia em um vídeo divulgado via YouTube nesta sexta-feira.

Para tentar acabar com essa escalada, um encontro entre o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkine, e o chanceler russo, Serguei Lavrov, foi marcado para este domingo em Berlim, com a presença dos chefes da diplomacia francesa e alemã.

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