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França/Rússia

Sob pressão internacional, França desiste de entregar porta-helicópteros à Rússia

A França anunciou nesta quarta-feira (3) que desistiu de entregar à Rússia o primeiro dos dois porta-helicópteros Mistral comprados por Moscou, devido às suas ações ofensivas na Ucrânia. A decisão foi anunciada um dia antes da cúpula da Otan (4 e 5 de setembro), no País de Gales, que teria pressionado o governo francês a tomar uma posição coerente no contexto da crise entre os dois países.  

Os dois porta-helicópteros Mistral construídos para Moscou, serão equipados com armamentos de fabricação russa.
Os dois porta-helicópteros Mistral construídos para Moscou, serão equipados com armamentos de fabricação russa. DR
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A data marcada para a entrega do primeiro dos dois porta-helicópteros Mistral é outubro próximo; desde 30 de junho, cerca de 400 marinheiros russos estão no porto de Saint-Nazaire, no oeste, fazendo uma formação para aprender a manobrá-lo. Mas a crise política entre Rússia e Ucrânia interferiu em cheio no negócio e a pressão da comunidade internacional não relaxou até Hollande voltar atrás.

Em um comunicado, a presidência  francesa alega que "as recentes ações da Rússia no leste da Ucrânia contrariam os fundamentos da segurança na Europa e o presidente François Hollande constatou que, apesar da perspectiva de um cessar-fogo, que ainda resta a confirmar e entrar em ação, as condições para que a França autorize a entrega do primeiro navio não estão reunidas hoje".

Em Moscou, o vice-ministro da Defesa, Iouri Borissov, declarou que a decisão não é uma tragédia para a modernização do exército russo, "mesmo se acrescenta uma carga de tensão nas nossas relações".

François Hollande sempre afirmou que honraria o contrato, apesar da pressão dos Estados Unidos e Inglaterra, deixando claro que a entrega do segundo porta-aviões, prevista para 2015, dependeria da atitude de Moscou. Hollande havia declarado que as sanções europeias contra a Rússia visavam os contratos futuros e ainda ontem, terça-feira (2),diplomatas franceses garantiram que o primeiro Mistral seria entregue na data marcada.

Oposição

A oposição francesa vinha apoiando a inflexibilidade do presidente, temendo que a credibilidade da França pudesse ser afetada em um contexto econômico de crise, por não honrar suas entregas. Mas um dia antes da cúpula da Otan, em que os aliados devem discutir o que consideram "a invasão direta da Rússia na Ucrânia", Hollande ficou sem margem de manobra.

Prejuízos

Se a França renunciar a entregar os dois navios, no valor de €1,2 bilhão, terá que pagar uma multa gigantesca a Moscou. A notícia é também um golpe duro para o estaleiro naval STX de Saint-Nazaire, que sofre com a crise econômica.

Em setembro, duas manifestações estão previstas, uma a favor e outra contra a entrega dos porta-aviões.

Nesta quinta-feira (4), em Paris, na Praça do Trocadero, está marcado um protesto contra a venda do Mistral à Rússia. No domingo (7), em Saint-Nazaire, é o "Comitê Mistral" que sai às ruas, em defesa da indústria francesa, que apoia a venda dos dois navios à Rússia. 

 

 

 

 

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