Acesso ao principal conteúdo
Grécia/Economia

Grécia e Alemanha divergem sobre saída para crise

O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, e seu colega alemão, Wolfgang Schauble, revelaram ter posições bem divergentes em relação à situação grega depois de um encontro nesta quinta-feira (5), em Berlim. O dia também foi marcado pela reação negativa dos mercados à decisão do Banco Central Europeu de privar o sistema bancário grego de uma linha de financiamento.

Ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis (à dir.) e o seu colega alemão Wolfgang Schauble durante entrevista coletiva, em Berlim. (05/02)
Ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis (à dir.) e o seu colega alemão Wolfgang Schauble durante entrevista coletiva, em Berlim. (05/02) REUTERS/Fabrizio Bensch
Publicidade

A visita do ministro grego das Finanças a Berlim foi a última etapa de seu giro pelas principais capitais europeias na busca por aliados para a renegociação da dívida pública da Grécia.

Na saída da reunião, o alemão Schaulbe disse ter explicado ao seu colega Varoufakis que as promessas do novo governo de extrema-esquerda da Grécia "não são realistas". Schaulbe acrescentou que eles tinham concordado com o fato de que não estavam de acordo um com o outro.

Minutos depois, durante a entrevista coletiva conjunta, Yanis Varoufakis afirmou: "Nós nem sequer estamos de acordo com o nosso desacordo".

O alemão Schauble disse respeitar a escolha dos eleitores gregos que levaram ao poder o partido Syriza, vitorioso nas urnas com sua campanha anti-austeridade. No entanto, o ministro disse que o novo governo grego deve respeitar os compromissos assumidos por Atenas e cooperar com o trio de credores do país formado pela União Europeia, Banco Central Europeu e FMI.

Na capital grega, o primeiro-ministro Alexis Tsipras reafirmou sua disposição de "pôr um ponto final" nas políticas de austeridade definidas pelos europeus. "A Grécia não aceitará mais receber ordens, principalmente as enviadas por correio eletrônico", disse em um discurso para sua base parlamentar. "A Grécia não é o aluno fraco que escuta a lição antes de fazer sua tarefa. A Grécia tem voz própria", destacou.

Bolsa cai com decisão do BCE

A decisão do BCE de não mais aceitar os títulos da dívida pública como garantia para financiar o sistema bancário grego teve um impacto negativo e assustou o mercado financeiro, já que toda a responsabilidade do financiamento pesa somente sobre o Banco Central da Grécia.

Minutos antes do final do pregão desta quinta-feira, a Bolsa de Atenas cedia 3,37% e os valores bancários chegaram a perder acima de 22% durante o dia, até ceder 10% no final da tarde. No entanto, o Banco Central da Grécia recebeu sinal verde do BCE para ter financiamentos de emergência de um valor que pode chegar a € 60 bilhões.

Dois bancos gregos já começaram a recorrer ao mecanismo de urgência ELA (Emergency Liquidity Assistance), para compensar a redução de depósitos observada depois da chegada do partido Syriza ao poder.

Um responsável do governo grego, que pediu anonimato, utilizou o termo "chantagem" para repercutir a decisão do BCE. "A Grécia não tem intenção de fazer chantagem contra ninguém e também não vai ceder a nenhuma chantagem", afirmou a fonte ouvida pela agência AFP. "A decisão do BCE é um ato de pressão política para forçar um acordo rápido", concluiu.

O presidente francês, François Hollande, considerou a decisão do BCE "legítima" e exige que o governo grego anuncie um plano para suas reformas.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.