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Voo Rio-Paris

Voo Rio-Paris: Air France e Airbus acusadas de "homicídios involuntários"

Mais de 13 anos depois do desaparecimento, no meio do oceano Atlântico, do Airbus A330 da Air France, que assegurava a linha Rio de Janeiro - Paris, o processo contra a companhia aérea francesa e contra o construtor tem início esta segunda-feira em Paris.

Uma das caixas negras do AF447 da Air France, que assegurava a ligação Rio de Janeiro - Paris.
Uma das caixas negras do AF447 da Air France, que assegurava a ligação Rio de Janeiro - Paris. Reuters/Charles Platiau
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Uma “luz ao fundo do túnel” para as famílias das 228 vítimas mortais da queda do AF447, depois de uma longa batalha de inspeções e perícias desde o acidente que aconteceu a 1 de Junho de 2009.

Em 2019, a justiça francesa considerou que não houve negligência e arquivou o processo, todavia a decisão acabou por ser revogada, em recurso, pelo Tribunal da Relação, dois anos mais tarde, reabrindo o processo onde Airbus e a Air France são acusadas de "homicídios involuntários".

As perícias realizadas às caixas negras do aparelho, encontradas depois de dois anos de buscas a 4.000 metros de profundidade, concluíram que os pilotos não reagiram como deveriam. O congelamento das sondas de velocidade implicou uma desregulação das medidas de velocidade do Airbus A330 e impediu os pilotos de fazer a leitura correcta e de dar a resposta adequada à tempestade equatorial.

A desorientação acabou por fazer com que os pilotos não conseguissem evitar a queda do aparelho. O Airbus A330 caiu depois de uma série de incidentes técnicos que resultaram na perda de sustentação da aeronave. Os 226 passageiros a bordo e os 12 membros da tripulação morreram. Foi o acidente mais mortífero da história da companhia francesa.

A batalha das perícias acabou por resultar na responsabilização da Air France e da Airbus neste drama, primeiramente absolvido de culpa na justiça, antes do Tribunal de Recurso considerar que companhia aérea e constructor falharam na medidas necessárias de informação e de formação dos pilotos para reagirem perante este problema conhecido.

O BEA (Gabinete de Inquérito e Análises para a Segurança da Aviação Civil) acabou mesmo por revelar que a Air France se havia pronunciado sobre as falhas das sondas Pitot, fabricadas pela Thalès para medir a velocidade em voo, e que tinha começado a receber um novo modelo menos suscetível aos problemas de congelamento a alta altitude, isto precisamente no momento em que o acidente aconteceu.

É precisamente esta questão que estará no cerne deste processo que hoje reabre em Paris.

Esta é  a primeira vez que a responsabilidade colectiva de um empresa francesa é colocada em causa num processo por "homicídios involuntários" após a queda de um avião.

Air France e Airbus apenas correm o risco de indemnização caso a justiça comprove a pena penal da parte destas empresas. 

A Air France prometeu "continuar a demonstrar que não cometeu qualquer culpa criminal na origem do acidente" e a Airbus também contesta qualquer irregularidade.

O julgamento deve terminar a 8 de Dezembro.

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