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França/Cabo Verde

Sandra Lopes: «Esta eleição Miss das Ilhas de Cabo Verde vai ser um momento excepcional e de solidariedade»

A primeira eleição da Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa vai decorrer este sábado 30 de Março na Região Parisiense com 10 candidatas oriundas de todo o continente europeu.

Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa.
Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa. © Cortesia Miss des Îles du Cap-Vert Europe
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A Região Parisiense vai ser o palco de uma iniciativa realizada pelo Comité Miss Cabo Verde na Europa: a primeira eleição da Miss das Ilhas de Cabo Verde.

Um evento que vai reunir a comunidade cabo-verdiana em França, mas igualmente oriunda de toda a Europa visto que a eleição foi aberta a todas as cabo-verdianas vivendo no continente europeu.

Dez candidatas foram escolhidas e vão desfilar em Villenoy perante o público e o júri presidido por Raiz, o cantor.

Um evento que abre as portas às 19h na Região Parisiense na cidade de Villenoy, e que vai ter várias animações com cantores a passarem também pelo palco, sem esquecer o jantar preparado por uma chefe.

Esta eleição não será uma eleição habitual visto que os fundos angariados vão ajudar a pagar os custos de formação de 15 enfermeiras em Cabo Verde, isto com o apoio de ‘Chirurgie Solidaire’ - Cirurgia Solidária.

Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa.
Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa. © Cortesia Miss des Îles du Cap-Vert Europe

Antes da eleição, a RFI teve a oportunidade de falar com Sandra Lopes, que ocupa o cargo de relações públicas no Comité Miss Cabo Verde na Europa.

RFI: Pode nos explicar o evento em si?

Sandra Lopes: O evento é a eleição da Miss das Ilhas de Cabo Verde, na Europa, que vai decorrer em Villenoy a 30 de Março de 2024. Temos dez candidatas, um júri já seleccionado, e é uma primeira na comunidade. A eleição da Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa é a primeira edição.

RFI: Vai haver candidatas de toda a Europa?

Sandra Lopes: Todas as candidatas vêm da Europa. É a primeira edição. São de toda a Europa: Suíça, Bélgica, Espanha, Itália, Portugal, Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Alemanha e França.

RFI: Como é que foram seleccionadas estas dez candidatas?

Sandra Lopes: Elas se apresentaram. Nós lançamos a oferta do concurso com o regulamento. Elas candidataram-se, tinham certos critérios, entre a idade, a medida, etc… E elas preencheram a inscrição no site internet que nós fizemos para elas e o nosso comitê seleccionou. Aliás houve candidaturas para além da selecção e já lhe dissemos para se candidatarem para o ano.

RFI: Como foi a semana antes do concurso?

Sandra Lopes: Começou uma semana antes do dia 30, todas em Paris. E tiveram um programa intensivo. Acordaram cedo de manhã. Depois um bocadinho de desporto, ou encontrar os estilistas ou os parceiros. Também houve uma visita de Paris. Isto sem esquecer a repetição do evento.

RFI: E depois como é que vai ser o evento em si? A partir de que horas começa? O que é que vai haver para as Miss?

Sandra Lopes: A abertura das portas no dia do evento é às 19 horas. Mas o espectáculo começa às 21 horas. Temos duas horas para esperar as pessoas, para as pessoas poderem se sentir à vontade no espaço, entender como é que se passa, porque tem certas pessoas que, com certeza, querem votar para a Miss que estão a apoiar. Temos também uma chefe que está presente e que vai oferecer uma refeição digna da gastronomia. Uma gastronomia preparada e treinada também durante dez meses para ter um momento ideal que seja para as candidatas, para o júri e para as pessoas que vêm assistir ao evento ou até para as pessoas do comitê que trabalharam muito. Que esta primeira edição seja um momento excepcional!

RFI: Como é que vai ser a eleição? Vai haver um júri, mas é apenas o júri que decide quem ganha ou também o público terá uma parte da votação?

Sandra Lopes: Há uma parte do público que vai apoiar, mas a resposta definitiva vai ser do júri, do presidente do júri: o artista Raiz. Ele é super conhecido em Portugal. E porquê um homem? Porque nós achamos que a sociedade civil é 50/50 Homem e mulher. Nós achamos que o Raiz também tem aquela visão do mundo moderno conectado em todo o planeta. Uma pessoa não é só as aparências, é aquilo que tens dentro. O conhecimento, o percurso de vida, a experiência e as pessoas que te apoiam quando tu queres atingir o teu objectivo. Então nós vamos apoiar durante um ano a apoiar esta Miss.

RFI: E depois ela vai ter um papel como ela. Não sei. Vai, por exemplo, poder participar na Missão Cabo Verde em Cabo Verde? Vai poder participar em outros eventos? Qual vai ser o papel "institucional" que ela terá?

Sandra Lopes: Ela vai poder concorrer a certos outros eventos. O mais importante, nisto, é que durante um ano ela vai representar o nosso comité. Através da visibilidade, da notoriedade que ela vai adquirir, ela vai poder apoiar a formação para ser enfermeira anestesista. O mais importante também é que ela pode inspirar, criar ideias, trabalhar juntos, como seres humanos que se respeitam em qualquer parte do mundo e operamos juntos para o bem-estar de um do outro. Pronto, é isto o nosso papel.

 

As candidatas para a Eleição das Ilhas de Cabo Verde na Europa.
As candidatas para a Eleição das Ilhas de Cabo Verde na Europa. © Cortesia Miss des Îles du Cap-Vert Europe

 

RFI: Sandra, como é que nasceu, como é que foi criado este concurso, este evento?

Sandra Lopes: Eu tinha formado uma Miss que ganhou um outro concurso e as pessoas do comitê estavam com vontade de criar este evento. Foram buscar-me e fizeram uma proposta. E eu aceitei porque se consegui para uma, posso conseguir para uma segunda e uma terceira e uma quarta. Fora disto, não havia uma Miss das ilhas de Cabo Verde na Europa e nós queríamos inovar. A nossa população está espalhada no continente europeu. Então porque não? Uma criação pode-se fazer e depois ajustar se for preciso. Então o mais importante é a de criar. Pronto! E criamos este projecto.

RFI: Os concursos de Miss ainda continuam a transmitir valores que são interessantes para a sociedade de hoje?

Sandra Lopes: Para mim a beleza é mais que os olhos. Beleza é primeiramente o interior da pessoa que se reflecte no exterior. A postura dessa mulher. A rapariga que está a fazer este concurso já é bonita para ter a coragem de vir e de se apresentar. E de ser julgada. Então ela já é gente. Ela já é respeitada. Não tem nada a ver com uma polémica societal. É uma oportunidade para poder trabalhar fora e descobrir outras culturas. É mais que um concurso de beleza. Nós temos que ter uma mente muito mais aberta para não discriminar, porque ser bonita pode te abrir portas. É utilizar o que a natureza te ofereceu e agradecer a vida. Para quem não tem oportunidades, é uma forma de atingir os objectivos. Não há nada de mal em concorrer. É a intenção que conta.

RFI: Não é apenas uma eleição, há um projecto também?

Sandra Lopes: Este evento serve de apoio a uma organização que está a apoiar Cabo Verde na construção de uma formação de enfermeira anestesista. É uma profissão que é muito complicada lá em Cabo Verde porque tem poucos meios. Elas são formadas de forma superior ao nível que as enfermeiras de França têm. É um ciclo de três anos para esta formação. 15 candidatas estão à espera e como nós estamos a recolher os fundos, vamos utilizar esta eleição para recolher os fundos. E apoiar os médicos que vão lá formar as 15 candidatas em Cabo Verde.

RFI: Como é que nasce essa ligação, esse projecto que está por detrás da eleição?

Sandra Lopes: A associação cirurgia solidária, é uma associação que existe há mais de dez anos. E Cabo Verde não é o único país onde a cirurgia solidária vai fazer uma missão. Só que eles disseram que a nossa população era uma população muito solidária. Eles disseram que quando iam a Cabo Verde, tinham uma maneira de trabalhar que não existia nos outros países. Eles vão para Cabo Verde, são recebidos, tomem o tempo de ouvir o projecto e a população cabo-verdiana apoiava. Sempre foram bem recebidos. Cabo Verde queria continuar com esta missão. Nós também achamos mesmo que esta missão é incrível, então decidimos apoiar. Porque se não, a turma não vai começar em Setembro. E a educação é primordial. A saúde é primordial. Então, se nós somos capazes de fazer uma festa, porque é que não somos capazes de organizar um evento para suportar os custos da formação das enfermeiras. É unir o útil ao agradável.

RFI: Quantas enfermeiras vão ser formadas?

Sandra Lopes: 15. São três anos de curso, mas nós vamos apoiar um ano. Mas no total é uma formação de três anos. Por ano são 20 mil euros para formar as 15 enfermeiras. Os fundos vão ser entregues no dia mesmo, a 30 de Março, à cirurgia solidária, isto é, que conseguimos ou não juntar os 20 mil euros.  

RFI: Essa formação vai ser onde em Cabo Verde?

Sandra Lopes: Praia. Na faculdade. 15 candidatas é para este ano, mas gostaríamos de aumentar para o ano e ajudar mais.

RFI: Sente que tem que ser a comunidade, têm que ser as comunidades fora do país, aliás, que também têm que ajudar a apoiar os que ficaram em Cabo Verde, com ajudas, por exemplo, exteriores. Como disse, se se pode ter dinheiro para fazer festas, também se pode ter dinheiro para fazer formações para ajudar as pessoas a terem formações no país?

Sandra Lopes: Há muitas formas de ajudar. Não é só dinheiro, não é só dinheiro. Um cidadão que está no teu país ou fora do país, tu és um cidadão. Tu és um cidadão e é uma maneira cívica de contribuir também. Que tu estejas em Cabo Verde ou em Portugal ou em Itália, tu estás a retribuir. Quando tu não te esqueces de onde vens, tu sabes para onde vais. Nós estamos fora do nosso país, cada um por sua razão, mas o nosso coração, as nossas raízes, os nossos familiares ficaram lá. É uma maneira também de dizer que nós não esquecemos de onde é que nós viemos. Isto como base é muito bom. Nós queremos mais e mais e mais. Para nós é uma lógica. Quando temos oportunidades, que vamos fora, podemos, de volta, entregar aquilo que recebemos. O que é bom neste evento é a dupla cultura. Reconhecemos também que o país que nos acolheu na Europa foi imenso, imenso para o desenvolvimento de uma pessoa. Nós somos completos com esta dupla cultura. 

Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa.
Miss das Ilhas de Cabo Verde na Europa. © Cortesia Miss des Îles du Cap-Vert Europe

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