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Apocalipse

Vilarejo francês que pode sobreviver ao fim do mundo é invadido por jornalistas

Quase 250 repórteres de 17 nacionalidades diferentes se credenciaram para cobrir o fim do mundo em Bugarach, no sul da França, um número maior do que a população local. Esotéricos, ufólogos e milenaristas afirmam que o vilarejo será um dos poucos que sobreviverão ao apocalipse, esperado para esta sexta-feira segundo uma interpretação do calendário maia.

O vilarejo de Bugarach, no sul da França, atraiu a curiosidade da imprensa francesa e internacional.
O vilarejo de Bugarach, no sul da França, atraiu a curiosidade da imprensa francesa e internacional. REUTERS/Jean-Philippe Arles
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Por enquanto, a chegada em massa de iluminados e curiosos temida pelas autoridades não aconteceu. Em compensação, o afluxo de jornalistas de todas as partes do mundo irrita os 200 habitantes do vilarejo, que preferem se manter fechados em casa.

Desde quarta-feira e até domingo, as autoridades interditaram o acesso ao pico de Bugarach e controlam as estradas que levam ao vilarejo. Bugarach e seu pico, ponto culminante do maciço das Cobières com 1.231 metros, seriam um dos lugares do globo que devem sobreviver ao apocalipse previsto para o dia 21 de dezembro.

As autoridades temem que seitas tenham se instalado na região e estão alertas para o risco de suicídios coletivos ou individuais.

Além dos jornalistas e dos moradores de Bugarach, cerca de 150 policiais e bombeiros mobilizados para garantir a segurança estarão entre os sobreviventes caso o mundo realmente acabe nesta sexta-feira.

Mídia

Para o documentarista francês Rémi Lainé, que passou várias semanas no local, há uma desproporção entre a ausência de provas concretas que confirmem esse rumor e a cobertura da imprensa. "A mídia criou do nada um evento que não vai acontecer", avalia Rémi Lainé, autor do documentário "O Mundo Acaba em Bugarach", que deve ser transmitido nesta sexta-feira pelo canal franco-alemão ARTE.

Essa cidadezinha francesa está no centro de rumores da Internet que misturam ovni, esoterismo e apocalipse, além de lendas sobre tesouros escondidos na região.

Acredita-se que tenha sido um comentário do prefeito durante uma sessão do conselho municipal em 2010 que levou a mídia a se interessar por Bugarach. O tema foi tratado pela imprensa local, depois nacional e, finalmente, internacional.

"Todo mundo levou isso na gozação no início, mas pouco a pouco a coisa se tornou séria: falaram de bolha imobiliária e de pessoas construindo abrigos", afirma Nicolas d'Estienne d'Orves, autor do livro "O Vilarejo do Fim do Mundo".

"Meu livro nasceu desse boato, eu acreditei nele porque lia os artigos na imprensa. E quando fui até lá encontrei esse vilarejo charmoso onde não acontece nada, com exceção de alguns esotéricos meio doidos", conta o escritor. "Proporcionalmente, não há mais esotéricos lá do que em qualquer bairro de Paris", acrescenta ele.

O jornal Le Monde se pergunta nesta quinta-feira se o pico de Bugarach teria se tornado tão famoso sem um empurrãozinho da missão interministerial de vigilância e de luta contra as seitas.

O deputado Georges Fenech, que foi presidente do órgão até junho, foi ao local várias vezes e convocou as forças da ordem para limitar os riscos potenciais. Ele chegou a sobrevoar de helicóptero o pico, onde alguns espíritos "iluminados" teriam identificado uma pista de pouso para extraterrestres.

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