Pílula do Google para detectar câncer não substituirá diagnóstico clássico, diz especialista
O projeto divulgado nesta terça-feira (28) pelo Google, que propõe a utilização de nanopartículas para detectar doenças precoces como o câncer, será apenas "uma ferramenta extra no diagnóstico", na opinião do presidente do Instituto Nacional do Câncer na França, Agnès Buzyn. Ela também pediu "prudência" diante do anúncio feito pela empresa.
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O Google X é um laboratório da empresa encarregado de pesquisas futuristas, entre elas os óculos interativos e o carro sem motorista. O novo projeto, anunciado nesta terça-feira, analisa a possível utilização de partículas entre 1 e 100 nanômetros na detecção de doenças como o câncer. De acordo com o Google, as nanopartículas seriam ingeridas em forma de comprimidos que penetrariam no sangue e apontariam células diferenciadas, como as tumorais.
Em seguida, o diagnóstico seria realizado associando as nanopartículas a um "objeto conectado equipado de captadores especiais." O objetivo, segundo o Google, é "ajudar os médicos a detectar a doença desde o início."
Para a presidente do Instituto Nacional do Câncer na França, Agnès Buzyn, especialista em câncer do sangue, o projeto "é uma proeza tecnológica", mas ela questiona se esse tipo de pílula é uma revolução na Medicina. "Será que isso vai dispensar tudo que precisamos hoje para obter um diagnóstico? Isso me parece contraditório com o que conhecemos atualmente da biologia dos tumores", declarou.
De acordo com ela, um prognóstico, um diagnóstico e uma doença são avaliados a partir de inúmeros parâmetros: fatores genéticos, de risco comportamental, sistema imunológico, entre outros. "Tudo isso não pode ser substituído por apenas uma técnica, por mais que ela seja eficaz", afirma. "Essa ferramenta é uma a mais em nosso arsenal, mas não revolucionará o diagnóstico."
O fundador e presidente da empresa Nanobiotix, Laurent Lévy, especialista na utilização de nanopartículas no tratamento de cânceres por radioterapia, julga "lógico" o anúncio do Google, "que trabalha há um certo tempo no setor da saúde." Segundo ele, "não se trata de ficção científica, é algo que pode ser feito e a ideia nem é nova." A previsão, diz, é que a tecnologia chegue ao mercado dentro de dez anos.
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