Caixa-preta com diálogos da tripulação da Germanwings é analisada

A caixa-preta encontrada nos destroços do avião da companhia alemã Germanwings, que caiu na terça-feira (24) nos Alpes franceses, chegou na manhã desta quarta (25) em Paris e está sendo analisada pelos especialistas do Escritório de Investigações e Análises (BEA). O equipamento, chamado Cockpit Voice Recorder, gravou os sons na cabine e as conversas entre os pilotos e o restante da tripulação, antes da queda da aeronave.

Médicos legistas chegam na zona do acidente para tentar recuperar restos mortais das vítimas com o acidente do avião da Germanwings. REUTERS/Eric Gaillard

Com o forte impacto, a caixa-preta está bastante danificada, de acordo com o ministro dos Transportes, Alain Vidalies. O procurador de Marselha, Brice Robin, que participa das investigações, confirmou que o equipamento está sendo analisado e os primeiros resultados devem ser apresentados no fim do dia. A segunda caixa-preta, a Flight Data Recorder (gravador de dados do voo), está sendo procurada pelas equipes de buscas que operam no local do acidente, em meio às montanhas dos Alpes franceses.

“O BEA recebeu essa caixa-preta, danificada, mas nós achamos que será possível analisá-la, provavelmente em dois momentos. Se houver vozes, será bem rápido”, detalhou Vidalies. “Depois, para analisar os sons, pode demorar várias semanas, mas é um trabalho que poderá nos trazer explicações.”

Importância dos barulhos na cabine

O ministro afirmou que, mesmo se não houver conversas gravadas nos últimos 30 minutos de voo, os barulhos gravados na cabine também podem revelar a realização de determinados procedimentos técnicos pela tripulação. O exame dessas informações, entretanto, é mais demorado, de acordo com Vidalies.

O Airbus A320 caiu na manhã desta terça-feira entre Dignes-les-Bains e Barcelonette. O voo ia de Barcelona, na Espanha, para Dusseldorf, na Alemanha. A tragédia matou todos os 150 ocupantes da aeronave, conforme as autoridades francesas.

Mistério sobre as causas

“As causas do acidente permanecem indeterminadas”, declarou o procurador, que abriu uma investigação por homicídio culposo. As caixas-pretas podem trazer informações cruciais para o avanço da apuração das razões que levaram à queda do Airbus.

Enquanto aguardam os dados dos gravadores, os investigadores tentam eliminar algumas hipóteses. Entre as menos prováveis, estaria um ataque terrorista ou a colisão com algum objeto ou animal. O que se sabe é que a aeronave perdeu estabilidade quando voava a 11 mil metros de altitude e que a queda durou oito minutos.

A descida é considerada rápida, mas não uma queda livre. A concentração dos destroços em uma área relativamente pequena também indica que o avião não explodiu em pleno voo.

Entre as hipóteses mais prováveis para explicar a catástrofe estariam problemas técnicos, uma explosão apenas do motor ou uma ruptura na estrutura do avião, o que poderia causar despressurização. Mesmo assim, esses eventos são raros. Outra hipótese considerada é uma reação inadequada da equipe de voo diante de uma situação difícil, como foi o caso da tragédia com o AF447, entre o Rio de Janeiro e Paris, em 2009.