Imprensa destaca processo de operador francês acusado de fraude

O processo do operador francês Jerôme Kerviel, que tem início hoje, e o pacote de cortes da Alemanha são os principais destaques da imprensa francesa nesta terça-feira.

Jerôme Kerviel, ex- operador da Societé Générale. Reuters

O jornal de tendência socialista Libération lembra que o francês pode pegar 5 anos de prisão, se for declarado culpado.

Durante três semanas, os juízes vão mergulhar nas sutilezas das finanças para tentar entender como um operador de mercado pôde, sozinho, tomar posições de risco e especulativas de um montante de cerca de 50 bilhões de euros.

Para o Libération, se está claro que os controles internos do banco falharam, falta explicar se houve negligência ou cumplicidade passiva da parte da direção da Société Générale e dos superiores de Kerviel, afirma o Libé.

O jornal católico La Croix lembra que depois do caso Kerviel os bancos adotaram regras de controle mais restritas para vigiar as operações de mercado. Segundo o jornal, os bancos franceses reforçaram o controle das operação de risco, aumentaram a segurança do sistema informático e passaram, até, a observar mais de perto o perfil dos operadores.

Já o jornal comunista L'Humanité prefere mostrar o que considera ser os desvios do funcionamento do sistema financeiro. "Um operador louco, para um sistema louco" é o título do artigo. "Durante o processo de Kerviel, as especulações continuam," afirma o Humanité.

O jornal diz, ainda, que duas teses vão se enfrentar durante o julgamento : a de um banco que se diz vítima das operações fraudulentas de seu funcionário e a de um operador que se defende, afirmando que fazia parte da mecânica do sistema.

O plano de austeridade alemão também é destaque da imprensa francesa nesta terça-feira. Para o jornal conservador Le Figaro, o plano alemão, o mais drástico desde o fim da Segunda Guerra, vai servir como argumento para Berlim defender, junto aos outros países europeus, sua " cultura da estabilidade".