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G20

Brasil descarta ajuda a fundo europeu e considera cúpula do G20 um "sucesso relativo"

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira, em Cannes, que a cúpula do G20 foi um "sucesso relativo" e descartou com veemência qualquer contribuição ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), criado para ajudar os países mais fragilizados da União Europeia.  

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Ana Carolina Dani, enviada especial a Cannes

"Eu não tenho a menor intenção de fazer nenhuma contribuição direta para o Fundo de Estabilizaçao Europeu. Por que eu teria se nem eles (os europeus) têm ?", disse Dilma, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, após o encerramento da cúpula de chefes de estado e de governo das maiores economias mundiais.  

00:49

Ouça Dilma Rousseff

 "Dinheiro brasileiro de reserva é dinheiro que você protege, que foi tirado com o suór do nosso povo . Não pode ser usado de qualquer jeito", completou.

A ajuda financeira do Brasil para a crise na Europa poderia vir por intermédio do Fundo Monetário Internacional (FMI). Dilma reiterou que o governo brasileiro se predispõe a contribuir com mais recursos para o FMI, para ajudar não somente os países europeus, mas também os outros Estados do mundo que seriam afetados pela crise .

A presidente explicou que os cinco países que formam os BRICS, Brasil, Rússia, India, China e Africa do Sul, estão alinhados na disposição de contribuir com mais recursos ao FMI. Segundo ela, que se reuniu em encontro bilateral com o presidente chinês Hu Jintao, Pequim também teria afirmado que pretende contribuir com o FMI e não teria mencionado contribuições ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.

A discussão sobre uma possível participação dos emergentes no fundo europeu foi um dos principais temas em debate na cúpula do G20, mas os europeus deixaram o encontro com as mãos vazias.

Apesar da declaração final mencionar a intenção do G20 de aumentar os recursos ao FMI, nenhum valor ou data foram definidos. O assunto foi empurrado para uma reunião entre os ministros das Finanças do G20, que serú realizada em dezembro.


Sucesso relativo

A presidente Dilma Rousseff empregou a fórmula "sucesso relativo" ao fazer um balanço da cúpula do G20. Segundo ela, os europeus deram um passo para enfrentar a crise, mas também ficou claro que precisam de mais tempo para concretizar suas "próprias medidas", como, por exemplo, a ação do Banco Central, resgate da dívida grega, o problema do fundo de estabilização e a recapitalização dos bancos europeus.

00:40

Ouça o balanço de Dilma Rousseff

Quanto ao balanço deste G20, Dilma disse: "É um sucesso relativo na medida em que os países da zona do euro deram um passo à frente no que se refere à forma de enfrentar a crise. Agora eles terão que dar mais detalhes e estão dizendo que o farão no começo de novembro".

A presidente disse que a preocupação com a crise na Grécia norteou todas as discussões em Cannes, incluindo os encontros bilaterais que o Brasil manteve com a China, os Brics, a Austrália, a Alemanha e Cingapura. "Todas os países estavam preocupados porque todos sofrem as consequências".

Guerra cambial

Ao comentar o problema dos desequilíbrios cambiais, Dilma admitiu que o Brasil tem reclamado e reiterado a preocupação com as manipulações das moedas chinesa e americana, mas sem resultado.

"A gente não tem garantia de nada nesse mundo. Se o mundo desse garantias para nós, a vida seria facílima. Por isso, a gente tem deixado claro que a questão do livre coméercio passa também pela questão do câmbio. Agora não tem como tirar essa garantia de ninguém", afirmou.

A guerra cambial entre China e Brasil preocupa o governo brasileiro, que critica tantos os chineses, quanto os norte-americanos. O Brasil acha que a China deveria dar mais ênfase ao mercado interno e manipular menos o câmbio, para que o yuan, a moeda chinesa, não seja mantida artificialmente desvalorizada.

Brasília também critica a política norte-americana de injeção direta de dinheiro na economia (política do quantitative easing), que tem como efeito a entrada de dólares no Brasil (investidores atraídos pelos juros altos) e a consequente valorização do real, o que acaba prejudicando as exportações brasileiras.

"Os Estados Unidos também não me dão garantia de que não vão fazer mais injeções de dinheiro na economia. Cada vez que fazem isso, o dólar cai e a minha moeda sobe. Obviamente, nós nos protegemos. Não é protecionismo. Cada um faz o que pode. Mas tem algumas medidas que nunca vamos controlar", disse.

A presidente Dilma Rousseff também reiterou que não é contra a taxa global sobre transações financeiras, "desde que todos os outros países também adotem a mesma posição".

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Dilma Rousseff e Taxa Global

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