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Economia/Euro

Sarkozy quer aplicar taxa Tobin, mesmo sem acordo europeu

A França irritou seus parceiros da zona do euro ao anunciar hoje a intenção de aplicar a taxa sobre transações financeiras, também conhecida como taxa Tobin, até o final de janeiro. O presidente Nicolas Sarkozy mostrou-se disposto a concretizar o projeto sem esperar que os outros países da zona do euro estejam de acordo.

O presidente Nicolas Sarkozy advertiu que não vai esperar os outros europeus para aplicar a taxa sobre transações financeiras.
O presidente Nicolas Sarkozy advertiu que não vai esperar os outros europeus para aplicar a taxa sobre transações financeiras. Reuters
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No discurso de encerramento do 4° Colóquio Novo Mundo, dedicado ao papel das novas potências no cenário global, o presidente Nicolas Sarkozy fez uma declaração que surpreendeu os europeus. "O fato de as transações financeiras serem as únicas transações exoneradas é inaceitável", disse o presidente, completando que a zona do euro deve mostrar o exemplo. "Mas não vamos esperar que os outros estejam de acordo para a aplicarmos."

Alemanha e Itália reagiram imediatamente, discordando dessa iniciativa isolada e apontando que o objetivo é uma solução em nível europeu.

O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, que está em viagem oficial a Paris e se encontrou hoje no Palácio do Eliseu com o presidente Nicolas Sarkozy, deixou clara sua insatisfação nesse momento em que a zona do euro vive uma grave crise. Monti também julga fundamental que os países europeus não apliquem individualmente a taxa.

O recado da Alemanha foi claro: o objetivo é instaurar uma taxa sobre as transações financeiras na União Europeia e não individualmente. Na segunda-feira que vem, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente Nicolas Sarkozy devem discutir o assunto em um encontro agendado em Berlim.

A Comissão Europeia, por sua vez, lembrou a necessidade de uma abordagem coerente do assunto entre os países europeus.

Como funciona a taxa sobre as transações financeiras?

A ideia foi lançada em 1972 por James Tobin, prêmio Nobel de Economia em 1981, e consiste na criação de uma taxa de 0,01% sobre todos os tipos de transação financeira realizadas no mercado (Bolsas, mercado de ações, etc).

Os defensores da taxa Tobin alegam que a medida pode ajudar a diminuir a especulação e a instabilidade nos mercados. As vendas de ativos especulativos é caracterizada pela rapidez na negociação ( que pode durar apenas alguns segundos) e o grande fluxo de capitais que engloba. Para alguns especialistas, uma taxa, mesmo pequena, diminuiria o lucro do especulador e, por consequência, a própria especulação, que tem contribuído para piorar a crise.

Os investimentos a longo prazo, entretanto, não são afetados. Os recursos arrecadados através do imposto seriam destinados a programas de desenvolvimento nos países pobres e administrados por um organismo internacional. Recentemente, a Comissão Europeia sugeriu uma taxa em nível regional para aliviar a contribuição dos Estados membros. A ideia, defendida há muito tempo pelos movimentos antiglobalização, tem o apoio da França, Alemanha e Bélgica.

Bancos e corretoras das Bolsas de Valores são contra a taxa, assim como Estados Unidos e Grã-Bretanha.  O Banco Central Europeu também se opõe a qualquer taxa que não seja aplicada mundialmente.

 

 

 

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