ONU teme crise humanitária e avanço de radicais islâmicos no Mali
O norte do Mali, controlado por rebeldes touaregs e grupos radicais islâmicos, está inacessível às organizações não governamentais e para a imprensa. Cerca de 90 mil pessoas que deixaram suas casas devido aos confrontos em Gao, Tombouctou et Kidal estão sem assistência, segundo a Caritas Internationalis.
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A situação mais crítica, segundo testemunhos, é em Gao, a maior cidade do norte do Mali que é alvo de disputa entre grupos rebeldes que invadiram a cidade em 31 de março. Na confusão, vários saques foram realizados e o pânico tomou conta dos moradores. Muitos deles estão fugindo da cidade.
A situação humanitária se agrava a cada dia. As feiras livres estão suspensas e a maioria das lojas está vazia. Segundo o prefeito da cidade, Sadou Diallo, os estoques de ajuda alimentar foram saqueados.
Ainda não se sabe até quando será garantido o fornecimento de água e energia. Outro problema apontado pelas autoridades locais é a violação de direitos humanos já que muitas mulheres são violentadas.
A junta militar, que assumiu o poder através de um golpe no dia 22 de março, adiou ontem à noite o anúncio de uma convenção nacional prevista para discutir o processo de transição para um regime civil.
Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira a suspensão de 10% de sua ajuda financeira anual ao Mali, avaliada em 13 milhões de dólares, em protesto contra o golpe militar.
Catástrofe
Os rebeldes touaregs anunciaram o fim dos combates e agora planejam proclamar um estado independente no norte do país.
Em um artigo publicado nesta quinta-feira nos jornais franceses Libération e Le Monde, Amadou Sanogo, chefe da junta militar no poder em Bamako, pede a intervenção de forças ocidentais para combater os grupos fundamentalistas armados, como a Al Qaeda do Norte da África, que espalha o terror e quer impor a lei islâmica no norte do Mali.
O Conselho de Segurança da ONU pede um cessar-fogo imediato e se declara preocupado com a presença dos grupos radicais islâmicos. Há relatos de graves abusos dos direitos humanos, como o estupro sistemático de mulheres e escassez de alimentos que já ameaça de fome 13 milhões de pessoas.
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