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Irã/Programa Nuclear

Potências mundiais discutem programa nuclear iraniano em Bagdá

Após quase um ano e meio paradas, as conversas políticas sobre o programa nuclear iraniano serão retomadas nesta quarta-feira, em Bagdá, no Iraque. O encontro terá, de um lado, negociadores do Irã e, do outro, representantes de França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, China, Rússia e Alemanha. Uma reunião preliminar aconteceu no mês passado em Istambul, mas não apresentou grandes resultados. Agora, há grande expectativa de avanços para um acordo entre o regime iraniano e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU. 

Policiais militares fazem segurança no perímetro do local onde acontece a reunião sobre o programa nuclear iraniano, em 23 de maio de 2012
Policiais militares fazem segurança no perímetro do local onde acontece a reunião sobre o programa nuclear iraniano, em 23 de maio de 2012 REUTERS/Saad Shalash
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O tema principal da agenda é o enriquecimento de urânio pelo Irã. Hoje, Teerã enriquece urânio a 20%, um grau considerado alto e que deixa o Irã, em tese, mais próximo da bomba atômica. Os iranianos negam a intenção de fabricar a bomba e dizem precisar desse urânio para abastecer um reator nuclear que produz elementos químicos usados na medicina e na agricultura. Mas as potências pressionam o Irã a enriquecer urânio a níveis mais baixos para ter certeza de que não haverá uma arma nuclear.

Uma das propostas discutidas em Bagdá é que o Irã envie seu urânio para ser enriquecido em outro país, um formato parecido com o do acordo conseguido por Luís Inácio Lula da Silva, em 2010. Na época, o então presidente brasileiro mediou uma negociação entre Irã e Turquia, segundo a qual, Teerã enviaria urânio pouco enriquecido a Istambul e o receberia altamente enriquecido em troca.

Hoje em dia, não se fala mais em suspender por completo o programa nuclear iraniano, o que parece ser uma vitória para Teerã. O Irã também diz estar fazendo uma grande concessão ao prometer acesso dos inspetores da ONU a polêmica base de Parchin, localizada perto de Teerã. A AEIA suspeita que o local tenha sido usado para testes com bombas nucleares e pede desde o ano passado para realizar uma vistoria. O Irã nega a autorização, alegando que Parchin não é uma central nuclear, mas uma base militar. O impasse se arrastou durante meses, até que a AIEA anunciou na terça-feira, 22 de maio, que está muito próxima de um acordo sobre Parchin.

Analistas mais conservadores afirmam que a reunião de Bagdá só foi marcada porque as últimas sanções contra o Irã estão devastando a economia do país. Teerã, segundo eles, não tem altenativa ao retorno das negociações.

Com o correspondente da Folha de S. Paulo em Teerã, Samy Adghirni

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