Brasil já tem "arsenal" de medidas para evitar valorização do real, diz Les Echos

As novas medidas adotadas pelo governo brasileiro para estimular a economia são destaque na reportagem do jornal francês Les Echos sobre a luta dos países emergentes para combater a crise e a queda em suas taxas de crescimento. Segundo o diário, as más notícias vindas dos BRICS estão levando ladeira abaixo a economia mundial.

Artigo do jornal francês Les Echos desta segunda-feira, 17 de setembro RFI

O Brasil acaba de fazer uma forte revisão para baixo de seu crescimento, que caiu de 4,5% para 2% num intervalo de apenas um mês e meio, informa o Les Echos. Além dos efeitos da crise mundial, problemas internos do país levaram o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a anunciar a exoneração de cotizações patronais em 25 setores da indústria e serviços até janeiro do ano que vem para estimular a criação de empregos.
No total, calcula o Les Echos, somando com benefícios concedidos anteriormente, 40 setores foram dispensados de recolher temporariamente impostos para a seguridade social. A redução de 28% da fatura de energia também é citada como uma medida de estímulo econômico.

A Índia também adota uma série de medidas excepcionais para alavancar sua economia e resgatar a confiança dos investidores, lembra o jornal. A iniciativa mais espetacular, escreve o Les Echos, foi permitir a abertura do setor varejista de supermercados ao capital estrangeiro.
Com isso, Carrefour, Wall Mart entre outros poderão se instalar no mercado indiano, exemplifica o diário. Sobre a China, país de maior peso no BRICS, Les Echos diz que o recém-lançado plano de retomada da economia revela o verdadeiro mal-estar do gigante asiático.
O crescimento de 7,6% no segundo trimestre é o mais baixo em três anos e as exportações desaceleraram assim como o consumo interno.
Até na África do Sul as perspectivas não são favoráveis, escreve o Les Echos.

Um especialista de mercados emergentes ouvido pelo jornal confirma que as revisões para baixo do crescimento dos BRICS vão repercutir negativamente na economia mundial.
O jornal Les Echos alerta ainda para uma possível volta da "guerra do câmbio", como em 2009, devido à crise europeia e principalmente às medidas anunciadas pelo FED, o banco central americano. Se o anúncio do FED provocar um fluxo de capitais aos países emergentes, pode haver uma valorização das moedas locais prejudicando as exportações desses países, estima o especialista ouvido pelos Les Echos.
O jornal, no entanto, conclui o artigo lembrando que o ministro brasileiro da Fazenda já disse estar pronto com um "arsenal" de medidas para evitar a valorização do real.