Acesso ao principal conteúdo
Imprensa

Siderurgia francesa provoca primeira grave crise interna no governo Hollande

Os jornais desta segunda-feira, 3 de dezembro, informam que o governo do presidente François Hollande quase perdeu no fim de semana seu ministro da Recuperação Produtiva, Arnaud de Montebourg, devido a uma controvertida proposta de nacionalização de uma parte usina siderúrgica do grupo indiano britânico AcelorMittal, no leste da França.

Capa do jornal francês Libération desta segunda-feira, 3 de dezembro.
Capa do jornal francês Libération desta segunda-feira, 3 de dezembro. liberation.fr
Publicidade

O jornal progressista Libération publica em primeira página uma imagem do ministro de cabeça baixa, com a manchete: "O dia em que Montebourg quis pedir demissão". Representante da ala mais à esquerda do Partido Socialista, Montebourg foi nomeado no cargo para combater o processo de desindustrialização da França e está fracassando em um caso emblemático da atual situação econômica do país.

Montebourg não conseguiu resolver o impasse entre os trabalhadores de uma usina do grupo ArcelorMittal na cidade de Florange (leste) e a direção da empresa, que quer fechar a parte de atividade não lucrativa do negócio. Seiscentos empregos estão ameaçados, assim como a imagem da França, que não consegue reverter seu processo de desindustrialização, nesse caso num setor que sofre com a crise atual, mas é estratégico e tem futuro.

Para pressionar o bilionário indiano Lakshmi Mittal a rever seus planos, Montebourg ameaçou nacionalizar temporariamente a unidade industrial de Florange. A proposta surpreendeu e chegou a arrancar gargalhadas de países vizinhos. O presidente François Hollande optou por outra estratégia e negociou pessoalmente com Lakshmi Mittal uma solução temporária. O primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault veio a público dizer que a nacionalização de Florange nunca esteve realmente nos planos do governo.

Resultado: Montebourg sai do caso desmoralizado e, num contexto mais amplo, o caso ArcelorMittal demonstra que o governo Hollande age com pragmatismo, sem medo de desagradar a base aliada de esquerda. Libération afirma que Hollande e Montebourg tiveram uma conversa áspera no fim de semana.

O presidente da Assembleia Nacional, o socialista Claude Bertolone, disse ontem que não se vive mais numa época em que o Estado pode assumir o papel dos chefes de empresa. O intervencionismo estatal, sonho da esquerda ideológica, não tem mais lugar num país endividado e com os cofres vazios.

Em manchete, o jornal comunista L'Humanité informa que o primeiro-ministro renunciou ao projeto de nacionalização. "Os trabalhadores se sentem traídos", escreve o L'Humanité, acrescentando que os deputados comunistas vão se mobilizar. Na semana passada, os comunistas já derrubaram no Senado o projeto do orçamento de 2013. A guerra está declarada na base aliada.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.