Eventual retorno de Berlusconi ao poder na Itália preocupa europeus
As eleições legislativas na Itália, domingo e segunda-feira, são amplamente comentadas nos jornais desta sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013. Os europeus estão preocupados com um eventual retorno de Silvio Berlusconi à direção do país, o que teria consequências imprevisíveis para a política econômica na zona do euro.
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O diário econômico Les Echos diz em primeira página que uma votação expressiva em Berlusconi, assim como no comediante Beppe Grillo, azarão nessas eleições, poderia roubar a vitória da coalizão de centro-esquerda, liderada por Pier Luigi Bersani.
O cenário está confuso, comenta o jornal, devido à irritação dos italianos com os recentes casos de corrupção, os aumentos de impostos que reduziram o poder de compra da população e uma economia paralisada, que não dá o menor sinal de recuperação apesar das medidas de austeridade adotadas pelo primeiro-ministro demissionário Mario Monti.
O conservador Le Figaro diz que na confusão eleitoral na Itália Monti "perdeu a aura" que havia conquistado nos primeiros meses de governo. O jornal comenta que diante das críticas dos adversários às políticas de rigor, Monti teve de assumir um tom mais agressivo na campanha.
Ele chegou a adotar um cachorrinho, batizado de Empatia, para comover os eleitores, mas nem assim subiu nas pesquisas e chega à votação com 12% a 14% de intenções de voto.
O diário católico La Croix afirma em manchete que os italianos estão exasperados com a crise econômica e com a classe política do país, e o resultado das eleições pode refletir esse desencantamento com um voto radical.
A União Europeia já prepara a era pós-Monti, segundo La Croix, e não está nem um pouco confiante de ter de abrir mão de um interlocutor moderado [Monti], que conseguiu fazer uma limpeza nas contas públicas italianas "após a gestão catastrófica de Berlusconi".
Sob anonimato, um diplomata europeu explica que o problema de Berlusconi não é só uma questão de estilo político. "Ele sempre adiou as decisões importantes para ganhar tempo. Uma coisa é certa: em Bruxelas, niguém quer o retorno de Berlusconi."
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