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Imprensa/Le Monde

Jornal Le Monde analisa os dez anos do PT no poder

A edição deste fim de semana do jornal Le Monde dedica meia página ao Brasil e aos dez anos do PT, comemorados no dia 20 de fevereiro. Em sua análise, o correspondente Nicolas Bourcier relembra a ascensão do partido na cena política brasileira com a eleição de Lula, e discute os novos desafios para seus partidários nos próximos anos.

Foto: Reprodução
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Desde que Lula chegou ao poder em 2003, depois de três derrotas consecutivas, o Brasil evoluiu: o desemprego e a fome no país diminuíram, o poder aquisitivo aumentou, e o crescimento econômico se estabilizou, mesmo que o Brasil tenha começado recentemente a sentir o peso da crise mundial. Houve distruibuição da riqueza, e isso é inegável, lembra o jornal. Além disso, pela primeira vez na história, a classe média representa 54% da população, contra 34% em 2005.

Paralelamente a esse desempenho econômico que transformou o país em uma potência, os casos de corrupção se sucederam na última década. Além do Mensalão, que teve início na gestão Lula, a presidente Dilma Rousseff também precisou enfrentar uma série de escândalos, que levaram ao afastamento de diversos ministros. Em seu primeiro ano de governo, oito deles entregaram o cargo.

Segundo o Le Monde, esse é o grande paradoxo do PT. Entre seus correligionários, lembra o jornal, o sentimento é de ‘frustração.’ A imagem é de um partido que surgiu da classe proletária mas acabou se normalizando e se adaptando às regras políticas, tecendo alianças duvidosas. De acordo com o jornal, o PT se rendeu  "aos métodos de clientelismo e ilícitos normalmente empregados na política tradicional." Além disso, também existem as promessas de campanhas que acabaram sendo deixadas de lado. Entre elas, a reforma agrária, do sistema eleitoral, ou da Saúde.

Nas últimas semanas, lembra o Le Monde, os integrantes do partido iniciaram um processo de ‘introspecção crítica’, para analisar essas lacunas. O secretário-geral da presidência, Gilberto Carvalho, declarou que os petistas não conseguiram criar um movimento que tenha permitido a mobilização e o nascimento de novos valores e uma nova cultura. Para o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, citado pelo jornal, é necessária uma política no PT, e o sistema de alianças deve ser reavaliado. Para o jornal francês, a festa de 10 anos foi a ocasião "de rever os caminhos tanto tempo defendidos pelo presidente."
 

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