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Itália/ Eleições

Mercados reagem mal a cenário político incerto na Itália

As bolsas europeias operam em baixa devido à nova configuração política na Itália. Nas eleições legislativas de domingo e segunda-feira, a coalizão de centro-esquerda obteve uma vitória apertada na Câmara, mas o Senado ficou dividido. Ainda não é certo que o líder da esquerda, Pier Luigi Bersani, consiga formar um governo, o que aumenta o cenário de incerteza.

O líder da coalizão de centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani.
O líder da coalizão de centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani. REUTERS/Paolo Bona
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Os mercados temem que a impossibilidade de formar um novo governo coloque em risco as reformas aplicadas na Itália e reacendam as incertezas políticas na zona do euro. A Itália está em recessão e tem uma dívida colossal de mais de 120% de seu PIB.

“O país enfrenta uma situação delicada”, comentou na noite de segunda-feira Bersani. A coalizão de esquerda conseguiu 29,5% dos votos e fica com a maioria das cadeiras da Câmara (340 das 630) já que o sistema italiano dá direito a 54% cadeiras à formação que consegue mais votos.

Mas no Senado a regra é diferente. Em termos de votos, a esquerda fica na frente, com 31, 63% de votos, contra 30,71% da direita. Mas a maioria é acordada por região. Neste caso, os resultados dão à coalizão de centro-esquerda, apenas 158 cadeiras, longe da maioria. E os 17/20 senadores previstos por Monti, não são suficientes para formar uma aliança majoritária. Com maiorias diferentes na Câmara e no senado, é impossível estabelecer um governo.

O único verdadeiro vencedor do escrutínio é Beppe Grillo e seu Movimento 5 Estrelas que soube seduzir o eleitorado, se aproveitando da decepção com a classe política, a rejeição da austeridade e a desconfiança com relação à Europa. Segundo resultados oficiais, ele conseguiu aproximadamente 25% dos votos em cada uma das casas, se transformando na terceira força política do país. Apesar de ter 50 senadores, Grillo não está disposto a colaborar com outras formações.

Mario Monti é o grande perdedor. Sua aposta de formar uma grande força de centro não funcionou. Ele conseguiu apenas 10% dos votos em cada casa. Apesar disso, ele declarou estar satisfeito com o resultado, lembrando que sua coalizão nasceu há apenas dois meses.

Quanto a Silvio Berlusconi, que apesar de responder em inúmeros processos, inclusive por prostituição de menor, conseguiu uma volta espetacular, prometendo baixar os impostos e reembolsar uma impopular taxa imobiliária estabelecida por Monti.

Reações

Os líderes europeus reagiram nesta terça-feira aos resultados das eleições italianas. O ministro francês de Economia e Finanças, Pierre Moscovici, afirmou que o voto de protesto mostra que a Itália e a Europa precisam de perspectivas de crescimento para equilibrar os sacrifícios do povo. Ele também afirmou, durante um encontro sobre a zona do Euro, que os resultados das eleições são “sem dúvida uma preocupação”, mas espera que Bersani possa formar um governo “equilibrado e reformista”.

O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, admitiu que o resultado pode ter um efeito dominó sobre os mercados financeiros, mas espera que seja de “a curto prazo”. “O que é bom para a Itália é bom para a Espanha”, declarou o ministro à imprensa. Ele disse estar “convencido que a vontade política” de tirar a Europa da crise “vai prevalecer”.

Já o ministro alemão de Relações Exteriores Guido Westerwelle afirmou que espera que a Itália adote rapidamente um governo estável para continuar a política de reformas do país “para o interesse geral da Europa”. Ele sublinhou que a Itália tem um “papel centra para resolver a crise europeia”.
 

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