Jornais destacam disparidade entre homens e mulheres na política e no trabalho
Como não poderia deixar de ser, a imprensa francesa traz nesta sexta-feira, 8 de março de 2013, artigos e reportagens especiais para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Das instituições europeias ao automobilismo, os jornais se perguntam o que é necessário para aumentar a participação delas em todas as esferas da sociedade.
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La Croix indica que faltam mulheres na liderança da Europa. O jornal católico afirma que equilibrar a representação de homens e mulheres nos cargos mais elevados das instituições do bloco deve ser uma das prioridades da próxima legislatura, que será eleita em 2014. Ainda mais que a União Europeia, que ganhou este ano o prêmio Nobel da Paz, é um modelo para o mundo e deve dar o bom exemplo.
Em compensação, no parlamento europeu, 34% das cadeiras são ocupadas por mulheres. Uma situação que, de acordo com La Croix, é melhor que nos países membros do bloco, onde as mulheres correspondem em média a 25,9% dos eleitos.
Em seu editorial, La Croix admite que o processo de escolha de um novo papa, no qual as mulheres não têm voz, pode parecer uma anomalia nos tempos modernos. O diário católico afirma que provavelmente ainda levará muito tempo para que se discuta a abertura das funções sacerdotais às mulheres, qualquer que seja o papa eleito, mas defende que a questão do papel da mulher na Igreja deveria ser um dos principais pontos de reflexão do próximo pontífice.
França
O presidente François Hollande anunciou ontem medidas para estimular os homens a participarem mais da criação de seus filhos. O governo vai reformar um sistema de licença que permite que uma pessoa - o pai ou a mãe - interrompa total ou parcialmente sua atividade profissional para cuidar dos filhos pequenos, graças a uma ajuda financeira oferecida pelo Estado.
Esse benefício é hoje em dia utilizado majoritariamente pelas mulheres. Com as mudanças, o governo quer incentivar os pais a dividirem a licença com as mães, para que elas possam voltar mais cedo ao mercado de trabalho. O jornal progressista Libération julga que a reforma "é muito tímida" e não terá o resultado esperado.
Le Figaro lembra que apesar de a diferença diminuir a cada ano, os salários das mulheres ainda são 28% mais baixos do que os dos homens no setor privado aqui na França. O jornal conservador também aborda uma questão crucial que sempre incomodou as admiradoras do automobilismo: "Por que não há mulheres na Fórmula 1?"
Les Echos aponta que graças a medidas legais, a França ultrapassou pela primeira vez os Estados Unidos no que diz respeito à participação das mulheres nos conselhos de administração de grandes empresas, com um índice de 25,1%. Mas o diário econômico afirma que esse avanço não é o suficiente, e que as mulheres ainda são poucas nos conselhos de direção, instâncias que têm um impacto maior na performance das companhias.
Já o jornal comunista L'Humanité convidou oito mulheres - incluindo a ministra francesa dos Direitos das Mulheres - para chefiarem sua redação por um dia. Elas comentam as principais notícias desta sexta-feira e textos especiais que comemoram a data, como uma reportagem sobre as dificuldades das mães que criam seus filhos sozinhas e um debate sobre como as políticas de austeridade afetam as mulheres.
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