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Imprensa

Franceses adoravam detestar Margaret Thatcher, diz jornal

Corajosa, indomável, mulher que muitos adoravam detestar. As manchetes da imprensa francesa desta terça-feira retratam as diversas facetas atribuídas a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Sua morte, aos 87 anos, é a ocasião para os jornais fazerem um balanço de seu controverso legado político, econômico e social.

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Le Figaro destacou uma das características mais marcantes da personalidade de Margaret Thatcher: sua coragem. Para o jornal conservador, ela deu uma verdadeira lição de política ao evitar que a Grã-Bretanha seguisse o caminho de um declínio que parecia irremediável. Ela demonstrou que, com ideias claras e uma determinação inabalável, uma democracia ocidental pode reverter sua decadência.

O Le Figaro lembra que quando chegou ao poder, Thatcher encontrou seu país em plena crise, com desemprego em alta, processo industrial em ruínas e um estado que se intrometia demais na economia. Defendendo valores como trabalho e família, Thatcher promoveu uma revolução conservadora baseada no liberalismo econômico que contaminou os Estados Unidos antes de se espalhar pelo mundo. E sem se preocupar com consenso, ela colecionou vitórias e inimigos. A Europa atualmente precisa de líderes do estilo de Thatcher, concluiu o Le Figaro.

Para o Les Echos, Thatcher mudou produndamente a Grã-Bretanha e sua influência não apenas continua viva como se tornou crucial para vida política do país. O jornal afirma que tanto os conservadores quanto os trabalhistas de centro-esquerda admiravam sua liderança e convicção.

Ao fazer um paralelo entre a herança de Thatcher e os governos britânicos seguintes, o Les Echos escreve que o eixo de sua doutrinha permanece, como a prudência fiscal e monetária, a luta contra os sindicatos e a diminuição do poder do estado sobre a economia em favor do mercado. Mas os britânicos sabem que o modelo liberal imposto por Thatcher tem seus limites e deixou o Reino Unido dependente demais do sistema financeiro.

Morreu o símbolo do ultraliberalismo, escreveu em sua capa o Libération. Ela aplicou de maneira violenta uma doutrina que fez a população pagar caro, segundo o jornal. Com seu pensamento rígido, ela criou uma ideologia: o "thatcherismo" que continua a prosperar apesar dos constantes fracassos comprovados, afirma o Libé em seu editorial.

Mulher essencial do século 20, a ex-primeira-ministra britânica será sempre uma personalidade constestável, escreve o Aujourd'hui en France. Como um ritual consagrado toda vez que uma personalidade histórica se vai, o mundo inteiro chorou a morte de Thatcher. Talvez com uma exceção: os franceses, escreve o Aujourd'hui en France. O jornal lembrou que Thatcher assumiu o poder na Grã-Bretanha pregando uma reforma do estado e privatizações, exatamente o oposto da França onde o socialista François Mitterand aplicava seu programa de estatização.

O ressentimento entre os dois países ia além da hostilidade e da admiração recíprocas que caracterizaram as relações entre os dois países depois da Guerra dos Cem Anos. Por isso, o jornal preferiu resumir em sua manchete o sentimento de muitos franceses: a mulher que adorávamos detestar.

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