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Economia

Em dois dias, Hollande tenta aquecer comércio com a China

O presidente francês François Hollande desembarca nesta quinta-feira na China para uma visita de dois dias ao país do recém-empossado mandatário Xi Jinping. A ideia da visita é retomar uma relação econômica acordada há quase 50 anos, mas que nunca foi muito efetiva. Pelo contrário: durante a era Sarkozy, as relações bilaterais recuaram. Primeiramente, por causa do endurecimento, a partir de 2008, do discurso francês contra a repressão da China ao Tibete. Em 2010, houve novo desconforto, quando os dois países se viram em posições antagônicas com relação a uma intervenção militar na Líbia de Muanmar Kadaffi.

O presidente francês François Hollande, que chega à China nesta quinta-feira
O presidente francês François Hollande, que chega à China nesta quinta-feira REUTERS/Philippe Wojazer
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Com uma participação de apenas 1% no mercado chinês, a França pretende aumentar as trocas com o gigante asiático e colher os frutos do crescimento da segunda maior economia do planeta. Algo que a Alemanha, com 5%, já vem fazendo. Para isso, Hollande leva consigo a maior delegação que já montou para uma viagem internacional desde que assumiu o Palácio do Eliseu.

São cerca de 60 empresários, oito ministros e dois políticos envolvidos no diálogo entre os países: a prefeita socialista de Lille, Martine Aubry, que foi nomeada representante especial para as relações com a China pelo ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, e o ex-primeiro ministro Jean-Pierre Raffarin, presidente do fórum do Comitê França-China.

Pelo lado econômico, Hollande tentará convencer os chineses da estabilidade do euro e convencê-los de que o seu mercado é atrativo, com ênfase no agronegócio, que representa hoje apenas 11% das exportações francesas para a China.

Também estará em pauta uma das promessas de campanha do presidente francês: lutar pelo estabelecimento de uma "nova ordem monetária internacional". Hollande deve defender a internacionalização do Yuan.

No setor de energia, a estatal francesa Areva deve concluir um acordo com a CNNC para a criação de uma usina de tratamento e reciclagem de combustíveis. Analistas acreditam também que a Renault deve fechar um acordo para construir uma montadora em Wuhan, com capacidade de produzir 150 mil veículos por ano.

Hollande que, em 2004, criticou o antigo presidente Hu Jintao de "perpetuar a pena de morte", desta vez vai ser mais discreto nas questões relacionadas aos direitos humanos nos três encontros que terá com Xi Jinping. De acordo com o Laurent Fabius, a conversa não acontecerá em "tom de provocação", mas visando a "eficiência", principalmente no que diz respeito ao Tibete.

Nesta quarta-feira, o chanceler citou o desrespeito de Pequim à autonomia do Tibete, os suicídios de monges tibetanos e a prisão do Nobel da Paz Liu Xiaobo como preocupações da França. Xiaobo foi condenado em 2009 a 11 anos de reclusão por "subversão", depois de corredigir um texto pregando democracia na China.

Espera-se que Hollande debata com o colega a segurança dos turistas chineses na França já que, nas últimas semanas, aconteceram repetidos casos de agressão. A China também deve pedir a flexibilização do processo de retirada de vistos para seus cidadãos que querem estudar ou investir na França. Atualmente, o processo é lento e complicado.

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