Imprensa critica silêncio de Hollande sobre direitos humanos na China
A primeira visita do socialista François Hollande à China é a principal manchete nos jornais desta quinta-feira, 25 de abril. A imprensa francesa destaca que desta vez a França deve ficar discreta em relação ao delicado tema dos direitos humanos. O objetivo da viagem é aumentar a participação dos produtos franceses na pauta de importações chinesa e sobretudo não desagradar o governo de Pequim.
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"François Hollande visita hoje uma prisão imensa, a China", diz o editorial do jornal progressista Libération, que coloca o artista plástico Ai Weiwei, perseguido pelo regime de Pequim, na capa. O Libération lembra que a China possui cerca de mil presídios e campos de trabalho forçado, com uma população de 7 milhões de presidiários "políticos e de direito comum".
"Com o pretexto de dar prioridade à economia, Hollande será discreto sobre abusos dos direitos humanos e os problemas de censura na China, como aconteceu recentemente em suas visitas à Argélia e à Rússia", dois países que também dão péssimo exemplo nessa área, critica o Libération. O jornal estima que a diplomacia francesa ganharia muito mais se continuasse a defender o Estado de direito, publicamente, em todo o mundo.
O diário conservador Le Figaro destaca que Hollande nunca pôs os pés na China e chega para uma primeira visita com grandes ambições: "reiniciar as relações comerciais entre os dois países". O momento é particularmente propício para esse recomeço, segundo diplomatas ouvidos pelo Le Figaro, pois a equipe que chegou ao poder com o líder Xi Jinping quer estabelecer laços de confiança com seus parceiros para os dez anos em que vai ficar no governo.
O Le Figaro avalia que o diálogo entre os dois países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU é incontornável. As autoridades de Pequim estariam observando com interesse e admiração a operação Serval, dos militares franceses no Mali. Porém, mesmo com essa avaliação positiva, o governo chinês vai querer obter de Hollande garantias de que a França respeita a soberania das nações e condena ingerências em assuntos internos.
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